Apresentando sua defesa à Justiça Eleitoral, os advogados de Pablo Marçal (PRTB), ex-candidato à prefeitura de São Paulo, justificaram a divulgação de um laudo falso que ligava Guilherme Boulos (PSOL) ao uso de cocaína. Segundo eles, Marçal apenas compartilhou o conteúdo como foi divulgado, sem manipulá-lo ou fabricá-lo, exercendo seu “direito à livre manifestação do pensamento”.
Na manifestação protocolada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo, os advogados argumentaram que Marçal não prejudicou o equilíbrio eleitoral com a divulgação do documento falso dois dias antes das eleições.
Eles sustentam que, se houvesse prejuízo, Boulos não teria avançado para o segundo turno.
A defesa de Marçal, entretanto, diverge do entendimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Supremo Tribunal Federal (STF), que ressaltam que a liberdade de expressão não pode ser confundida com impunidade para desinformação.
Os advogados pediram a suspensão de uma das ações no TRE-SP até que se conclua a investigação criminal em andamento. Marçal é alvo de um inquérito da Polícia Federal que apura crimes de calúnia, difamação e injúria durante a propaganda eleitoral. O ex-candidato nega qualquer irregularidade.
O ataque e a resposta de Boulos
Marçal publicou em seu Instagram, às vésperas da votação, um receituário médico falso afirmando que Boulos estaria em “surto psicótico grave” e associou isso ao uso de cocaína, o que foi prontamente negado pelo candidato do PSOL. Diante das evidências de fraude, o TRE de São Paulo determinou a exclusão imediata dos vídeos divulgados por Marçal nas redes sociais. Boulos, em resposta, afirmou que o documento era falso e produzido por um apoiador de Marçal, utilizando o CRM de um médico falecido.
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Exclusão de conteúdo falso e bloqueio de contas
O magistrado do TRE-SP considerou plausíveis as alegações da campanha de Boulos e ordenou a remoção do post com a notícia falsa. As contas de Marçal nas redes sociais também foram bloqueadas. O processo segue com investigações criminais para apurar a responsabilidade pelos ataques.
Resultados acirrados das eleições
Na eleição mais disputada da história de São Paulo desde a redemocratização, Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos avançaram para o segundo turno, com uma diferença de apenas 0,41 ponto percentual. A diferença entre Boulos e Marçal foi de 0,93 ponto percentual, equivalente a 56.853 votos.
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Foto: divulgação