Melhor assistência a infectados teria reduzido 50% das mortes no Brasil
Estudo do Imperial College destaca Belo Horizonte como a capital com menor mortalidade entre pacientes internados em hospitais com covid

Publicado em: 15/10/2021 às 15:40 | Atualizado em: 15/10/2021 às 15:54
Cerca de 329 mil vidas perdidas pela covid-19 poderiam ter sido salvas no Brasil caso a pandemia tivesse sido conduzida nacionalmente com melhor assistência aos infectados como em Belo Horizonte.
O alívio de 55% no número de vítimas para os 602.099 óbitos já alcançados nesta sexta-feira (15), foi calculado com base na sobrevivência hospitalar ao vírus na capital mineira.
A pesquisa é do Imperial College, universidade londrina de excelência mundial na produção científica e avaliada pelo médico Carlos Starling, infectologista e membro do comitê de enfrentamento à covid da prefeitura de Belo Horizonte.
“Aproximadamente um terço das mortes atribuíveis ao COVID-19 no Brasil em hospitais poderiam ter sido evitadas se a pressão da saúde não tivesse taxas de mortalidade tão exacerbadas. Aproximadamente metade das mortes atribuíveis à COVID-19 no Brasil poderiam ter sido evitadas se tivessem taxas semelhantes às observadas em Belo Horizonte”, indica o estudo do Imperial College.
De acordo com o trabalho científico, entre as 14 capitais brasileiras estudadas, entre 20 de janeiro de 2020 e 26 de julho de 2021, Belo Horizonte é a que teve o menor percentual de mortes, com 7.842 (18%) óbitos entre os 43.763 pacientes internados.
O trabalho é intitulado “Fatores que conduzem a grandes flutuações espaciais e temporais nas taxas de letalidade do COVID%u201019 em hospitais brasileiros” e é assinado por especialistas ligados a instituições brasileiras, inglesas, norte-americanas, espanholas, belgas e dinamarquesas.
O desempenho total das capitais estudadas é 10 pontos percentuais pior que o belo-horizontino, com 135.714 (28%) mortes entre 480.157 pacientes estudados.
Outro fator de destaque, ajustado pelas idades, é o dos impactos em semanas com maior e menor intensidade de fatalidades pela covid.
BH registrou um índice de óbitos de 7,7% dos internados nas semanas menos intensas e 12,2% nas mais críticas.
O Rio de Janeiro teve a pior semana menos intensa, com 20,1% mortes e Macapá registrou a mais crítica, com 41,7%.
De acordo com o infectologista Carlos Starling, um dos motivos é a boa estruturação do Sistema Único de Saúde (SUS).
“BH conta com uma das melhores estruturas para o SUS. Precisa de muito investimento, ainda, para melhorar, mas o SUS de BH comparado com o restante é muito consistente, muito sólido e isso foi fundamental”, avalia.
Conforme o médico, esse modelo, caso fosse seguido e fortalecido no Brasil, poderia ter evitado muitas perdas.
Manaus
O estudo também verificou a importância das variantes mais agressivas, sobretudo a denominada Gama, descoberta em Manaus, sobre as mortes hospitalares.
“No final de março de 2021, os dados da sequência Sars%u2010CoV%u20102 pertencentes à variante Gama estavam presentes em 14 de 27 estados brasileiros. A rápida propagação da Gama por todo o país foi seguida por ondas de morte, sugerindo um aumento da gravidade da doença após a infecção com essa variante”.
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Foto: Divulgação/Prefeitura de Manaus