O presidente Michel Temer ainda estuda um nome para substituir Pedro Parente na presidência da Petrobrás.
De acordo com a Agência Brasil , Parente chegou para a conversa com Temer já com a carta de demissão pronta e em “caráter irrevogável e irretratável” – o que colocou sobre os ombros do Palácio do Planalto o peso de administrar mais este problema, com grandes repercussões no mercado interno e externo.
Isso quando o governo mal havia contornado as turbulências provocadas em todo o país pela greve dos caminhoneiros. Ou seja: os momentos de grande tensão continuam a ter de ser administrados pelo governo, focados agora em sua maior estatal.
Apesar de se colocar à disposição para a transição, Parente não foi sensível a, pelo menos, adiar sua saída.
Na carta de demissão, ele acabou também sugerindo ao presidente que faça uma escolha técnica, sem interferência política, como, destacou o executivo, Michel Temer fez há dois anos quando assumiu o governo.
“(Que) Vossa Excelência se apoie nas regras corporativas, que tanto foram aperfeiçoadas nesses dois anos, e na contribuição do Conselho de Administração para a escolha do novo presidente da Petrobrás”, sugeriu.
Logo após a divulgação da demissão de Parente, o Conselho de Administração da estatal se reuniu no Rio de Janeiro, onde fica a sede da empresa.
Petrobrás
Mesmo em meio à paralisação dos caminhoneiros, o governo continuou apoiando a política de preços da Petrobrás, que prevê variação diária, para mais ou para menos, com base nos preços internacionais.
No mesmo dia em que a greve foi deflagrada, a Petrobrás anunciou reajustes e seu presidente reafirmou que nada mudaria.
Mesmo tendo sempre apoiado a gestão independente de Parente, o governo não deixava de reconhecer internamente que o sobe e desce diário do preço dos combustíveis, por mais que o saldo final fosse a estabilidade de preços, teria efeitos negativos sobre a população, dificultando até a percepção sobre a real queda da inflação.
A saída de Parente deverá permitir que setores do governo coloquem em pauta essa questão.
O ex-presidente da estatal avaliou em sua carta que isso ocorreria.
“Está claro, Sr. Presidente, que novas discussões serão necessárias. E, diante deste quadro fica claro que a minha permanência na presidência da Petrobrás deixou de ser positiva e de contribuir para a construção das alternativas que o governo tem pela frente”.
Foto: EBC