O Ministério do Exército revelou que o treinamento de guerra no vilarejo de Moura, em Barcelos (400 quilômetros de Manaus), contou com a presença de militares norte-americanos na chamada Operação Amazônia.
A revelação foi em resposta a um requerimento de informação do líder do PT na Câmara dos Deputados, Enio Verri (PR).
Realizada em setembro passado, a simulação envolveu 3,6 mil militares com um custo de R$ 6 milhões aos cofres públicos.
Para o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), a ação, com a presença de militares dos EUA, é uma clara violação da soberania nacional pelo governo de Jair Bolsonaro.
“E também revela como ele usa as Forças Armadas para guerras ideológicas e para lamber as botas dos americanos, ávidos por controlar a América Latina”, criticou o deputado.
Para o parlamentar, “a participação dos EUA nesse tipo de operação no território nacional é inaceitável e o gasto de R$ 6 milhões dos cofres públicos para a operação foi desnecessário e inconcebível no momento político e socioeconômico do Brasil”.
Segundo o líder Enio Verri, a confirmação da presença de militares norte-americanos na chamada Operação Amazônia “não causa surpresa, mas muita preocupação”.
Ele também destacou que a visita do secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, ao Brasil, no momento da operação, já foi um alerta para identificar o interesse na realização de um exercício militar que custou R$ 6 milhões ao erário.
No dia 18 de setembro, Pompeo fez uma visita a Roraima, região de fronteira com a Venezuela, num momento em que havia animosidade entre o Brasil e o país vizinho.
Sem resposta
No requerimento, que foi assinado por mais deputados da bancada, houve um questionamento sem resposta.
Eles queriam saber se Mike Pompeo foi avisado sobre a simulação, mas a questão não foi respondida.
Outra pergunta sem resposta tinha o objetivo de esclarecer se o governo brasileiro consultou ou informou os países-membros do Mercosul a respeito da operação.
Também houve o questionamento se chegou a haver ameaças concretas ao Brasil que levassem à simulação.
Segundo o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, “enfatiza-se não haver, na atual conjuntura, hipótese de conflito entre o Brasil e qualquer país sul-americano, tampouco ameaça de invasão do território nacional, nem sinais de mobilização iminente de efetivo”.
Fotos: Exército Brasileiro