Ministro libera denĂºncia de racismo contra Bolsonaro para julgamento

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Publicado em: 21/08/2018 Ă s 18:08 | Atualizado em: 21/08/2018 Ă s 18:08

O ministro Marco AurĂ©lio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), concluiu seu voto a respeito da denĂºncia contra o candidato a presidente e deputado Jair Bolsonaro (PSL) pelo crime de racismo.

CaberĂ¡ ao presidente da Primeira Turma, ministro Alexandre de Moraes, marcar a data para o julgamento. As informações sĂ£o do Congresso em Foco.

Se o colegiado aceitar a denĂºncia da Procuradoria Geral da RepĂºblica, Bolsonaro se tornarĂ¡ rĂ©u em uma aĂ§Ă£o penal.

O processo, porĂ©m, nĂ£o afeta sua candidatura, pois a Ficha Limpa impede a candidatura apenas de candidatos condenados.

Em junho a procuradora-geral da RepĂºblica, Raquel Dodge, defendeu o recebimento de denĂºncia contra Bolsonaro por racismo e manifestaĂ§Ă£o discriminatĂ³ria contra quilombolas, indĂ­genas e refugiados.

A procuradora-geral se baseou nas declarações do deputado em evento no Clube Hebraica, no Rio de Janeiro, em abril do ano passado. Disse o militar na ocasiĂ£o: “eu fui num quilombola (…), olha, o afrodescendente mais leve lĂ¡ pesava sete arrobas… NĂ£o fazem nada, eu acho que nem pra procriador servem mais. (…)”.

 

Procuradora rebate defesa

Em parecer enviado ao Supremo, Raquel rebateu alegações da defesa de Bolsonaro que apontavam que ele estaria apenas expressando opiniões polĂ­ticas, sem carĂ¡ter racista.

Para ela, as expressões utilizadas pelo deputado, mesmo no tom “jocoso que ele busca empregar e defender”, ultrapassam a liberdade de pensamento pelo carĂ¡ter discriminatĂ³rio e preconceituoso.

A conduta do parlamentar foi descrita como “ilĂ­cita, inaceitĂ¡vel e severamente reprovĂ¡vel”.

A procuradora-geral rebate também a tentativa da defesa de acobertar as declarações apela imunidade parlamentar.

Em sua defesa, Bolsonaro afirmou que as frases foram “tiradas de contexto” e que a procuradoria teria “certo oportunismo” em enviar a denĂºncia em perĂ­odo prĂ©-eleitoral.

O deputado argumenta que fez uma crĂ­tica Ă s demarcações de terra produtivas e que estava protegido pela liberdade de expressĂ£o.

A decisĂ£o de Marco AurĂ©lio de levar o caso para a Primeira Turma significa que, do ponto de vista da instruĂ§Ă£o, a denĂºncia estĂ¡ pronta para ser julgada.

 

CondenaĂ§Ă£o

No ano passado, a Justiça Federal do Rio jĂ¡ condenou Bolsonaro a pagar R$ 50 mil por danos morais pelas declarações.

Na decisĂ£o, a juĂ­za Frana Elizabeth Mendes afirmou que, “como parlamentar, membro do Poder Legislativo, e sendo uma pessoa de altĂ­ssimo conhecimento pĂºblico em Ă¢mbito nacional, o rĂ©u tem o dever de assumir uma postura mais respeitosa com relaĂ§Ă£o aos cidadĂ£os e grupos que representa, ou seja, a todos, haja vista que suas atitudes influenciam pessoas, podendo incitar reações exageradas e prejudiciais Ă  coletividade”.

 

Foto: ReproduĂ§Ă£o/Facebook