Moraes, próximo presidente do TSE, critica ideia do voto impresso

Segundo o ministro, a proposta defendida por Jair Bolsonaro não vai servir para melhorar a democracia. Pode, claro, piorar as coisas ao ameaçar o sigilo do voto

Alexandre de Moraes suspende lei

Diamantino Junior

Publicado em: 25/06/2021 às 14:18 | Atualizado em: 25/06/2021 às 15:38

Futuro presidente do TSE, o ministro Alexandre Moraes deu sua opinião sobre voto impresso bolsonarista ao podcast do Supremo Tribunal Federal (STF) que vai ao ar nos próximos dias.

Segundo o ministro, a proposta defendida por Jair Bolsonaro não vai servir para melhorar a democracia. Pode, claro, piorar as coisas ao ameaçar o sigilo do voto.

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“Não me parece que o voto impresso possa vir a contribuir para a democracia, porque nós corremos um grande risco de quebrar o sigilo na votação. Se você me perguntar, ‘é necessário, hoje, para aprimorar a democracia, o voto impresso?’. Digo: não é!”.

O terceiro episódio do podcast Supremo na Semana, produzido pela Corte, vai ao ar no sábado.

Moraes também fala de legislação penal e legislação sobre fake news, outros temas que mexem com o fetiche bolsonarista.

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Polêmica do voto impresso

O retorno do voto impresso, como uma espécie de comprovante das urnas eletrônicas, pode ficar para depois das eleições de 2022.

A proposta, defendida pelo presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores, deve ser decidida em um plebiscito, que seria realizado junto das eleições de 2022.

De acordo com a relatora da reforma política, Renata Abreu (Podemos-SP), temas que não geram consenso dentro do Legislativo poderiam ser decididos em plebiscitos.

Ela cita o caso da impressão dos votos e também da unificação das eleições no país.

“Alguns temas que sempre são discutidos devem ser abordados [em consulta popular], como a criação de um plebiscito para ver a questão do voto impresso e da unificação de eleições”, disse em entrevista ao Poder360 realizada nesta terça-feira (11).

A volta do voto impresso é uma pauta do governo. Bolsonaro chegou a condicionar a sua adoção à realização das eleições de 2022.

“Se não tiver voto impresso, é sinal que não vai ter eleição em 2022!“, disse o presidente durante live em 6 de maio.

Para Renata, dificilmente a pauta andará, já que há uma série de temas que atualmente têm mais consenso na Câmara. “Vai ser muito difícil avançar [no voto impresso] quando já tem mandato coletivo, vagas mínimas para mulheres e distritão [sendo propostos]”, afirmou.

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil