A dois anos da eleição presidencial de 2022, o cenário indica desde já que a polarização vista na campanha de 2018 pode se repetir diante da pulverização de possíveis candidaturas de centro. A alternativa é o ex-ministro Sergio Moro.
Pesquisa exclusiva do instituto Paraná Pesquisas feita para VEJA mostra que candidatos moderados, sobretudo à centro-direita, não decolam, mesmo com nomes conhecidos ou já testados nas urnas, a exemplo do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), do apresentador da TV Globo Luciano Huck, do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) e do empresário João Amoêdo (Novo).
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Novidade como força política relevante à centro-direita, Moro é exceção.
Fora do governo desde abril, o ex-juiz da Operação Lava-Jato aparece com percentuais entre 17,1% e 16,8% das intenções de voto e desponta como um dos principais adversários do presidente Jair Bolsonaro.
Uma candidatura sua, indicam os números, o credenciaria a disputar com o PT o posto de adversário de Jair Bolsonaro no segundo turno – apesar dos problemas políticos do presidente, o levantamento mostra que ele já larga com um pé na parte decisiva da eleição e seria o favorito a se reeleger.
“O eleitor de centro-direita não consegue visualizar nenhuma alternativa ao nome do presidente no momento, então continua aderindo a ele. Moro sinaliza isso, mas quando sai do ministério, fica encolhido. A lógica eleitoral é a da gôndola do supermercado, você não escolhe o ideal, mas sim o que está ali”, compara o cientista político e sociólogo Antonio Lavareda, especialista em pesquisas eleitorais.
“Se esses candidatos se articularem, se altera o cenário de segundo turno. Se a oposição conseguir construir o tal arco democrático, há um potencial expressivo contra Bolsonaro”, avalia.
Vários cenários
A tanto tempo do pleito, as variáveis não são nada desprezíveis, assim como a possibilidade de composição entre os possíveis candidatos deste ponto do espectro político.
Até agora, no entanto, o fato é que os quatro nomes não chegam a atingir dois dígitos no levantamento, feito entre os dias 18 e 21 de julho, com margem de erro de dois pontos porcentuais.
Eleito em primeiro turno prefeito de São Paulo em 2016 e governador paulista em 2018, Doria marca apenas 3,8%, 4% e 4,6% da preferência nos três cenários de primeiro turno em que é testado.
Embora o numeroso eleitorado paulista e a poderosa máquina do governo estadual indiquem que o tucano está aquém de seu potencial eleitoral, serve-lhe de alerta o desempenho pífio do candidato do PSDB ao Palácio do Planalto em 2018, Geraldo Alckmin, atropelado por Bolsonaro à direita e pelo ex-ministro Ciro Gomes (PDT) entre os que não queriam nem o capitão nem Fernando Haddad (PT).
Quando é colocado em disputa contra Jair Bolsonaro no segundo turno, Doria aparece com 23% da preferência, sem conseguir capitalizar os 48% que desaprovam o governo do presidente ou sequer os 38% que classificam o governo dele como ruim ou péssimo.
Apesar da rejeição expressiva apontada pelo levantamento, Bolsonaro fica com 51,7% no confronto contra o tucano.
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Foto: Agência Brasil