Moro diz que deixou Bolsonaro para nĂ£o ser ‘cĂºmplice de coisa errada’

Moro deixou o governo Bolsonaro em abril do ano passado e acusou o presidente de interferir na PolĂ­cia Federal

Publicado em: 31/12/2021 Ă s 14:01 | Atualizado em: 31/12/2021 Ă s 14:02

PrĂ©-candidato do Podemos Ă  PresidĂªncia, o ex-juiz e ex-ministro da Justiça SĂ©rgio Moro afirmou que deixou o governo Bolsonaro para nĂ£o ser “cĂºmplice de coisa errada” e que passou a sofrer “sabotagem”. A declaraĂ§Ă£o foi dada em entrevista Ă  rĂ¡dio Capital FM, de Mato Grosso.

“Logo apĂ³s que eu havia entrado, eu nĂ£o tive mais o apoio do presidente da RepĂºblica, e, a partir de determinado momento, eu passei a sofrer atĂ© sabotagem”, afirmou o ex-juiz.

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“Quando chegou o momento que era me dada a escolha ‘ou vocĂª fica como cĂºmplice de coisa errada ou vocĂª sai’, eu preferi sair”, disse.

Moro deixou o governo Bolsonaro em abril do ano passado e acusou o presidente de interferir na Polícia Federal (PF) para ter acesso a informações sigilosas.

“O prĂ³prio presidente reclamou esses dias dizendo que eu nĂ£o protegia a famĂ­lia dele da PolĂ­cia Federal, da Receita Federal, o que Ă© um absurdo. NinguĂ©m tem que ser protegido de nada. Se alguĂ©m cometeu coisa errada, tem que ser investigado e a pessoa tem que ser responsabilizada”, disse.

Bolsonaro nega que tenha interferido na PolĂ­cia Federal. Em depoimento, o presidente afirmou que “jamais teve qualquer intenĂ§Ă£o” de interferir na PF quando “pediu” a Moro as mudanças na diretoria-geral e nas superintendĂªncias da corporaĂ§Ă£o.

Ao criticar o atual governo na entrevista, o ex-ministro afirmou que houve um “desmantelamento do combate Ă  corrupĂ§Ă£o” no Brasil, e usou essa fala como gancho para criticar tambĂ©m o ex-presidente Luiz InĂ¡cio Lula da Silva, que lidera as pesquisas de intenĂ§Ă£o de voto para a eleiĂ§Ă£o presidencial de 2022.

“O presidente Lula estĂ¡ aĂ­ solto porque houve enfraquecimento do combate Ă  corrupĂ§Ă£o, e essa responsabilidade Ă© do atual presidente Bolsonaro”, disse.

Amigo recebeu ajuda de doleiro

Na entrevista, Moro saiu em defesa de seu aliado, o senador Alvaro Dias (Podemos-PR), que recebeu doaĂ§Ă£o eleitoral do doleiro Alberto Youssef, investigado na Lava Jato. “Eu nem conhecia o senador. NinguĂ©m sabia quem era Alberto Youssef na Ă©poca (final dos anos 1990)”, disse.

A doaĂ§Ă£o foi divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo. Segundo o jornal, Youssef ajudou a financiar uma das campanhas eleitorais de Dias, em 1998, na Ă©poca em que o senador estava no PSDB.

A doaĂ§Ă£o no valor de R$ 21 mil (o equivalente a R$ 88 mil em valores atualizados) foi feita por meio de duas empresas do doleiro, um dos principais operadores identificados na Lava Jato.

Procurado, o senador Alvaro Dias afirmou que as denĂºncias de financiamento de campanha com dinheiro pĂºblico foram arquivadas pelo MinistĂ©rio PĂºblico do ParanĂ¡, em 2004, apĂ³s a nĂ£o confirmaĂ§Ă£o dos fatos. As informações sĂ£o do jornal O Estado de S. Paulo.

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Foto: Marcello Casal Jr/AgĂªncia Brasil