Prefeito desconfia de ‘motociata’ quando organizador pede R$ 15 mil

No vĂ­deo enviado ao prefeito da cidade do interior de SĂ£o Paulo, Renato, irmĂ£o de Bolsonaro, diz que "o presidente nĂ£o estarĂ¡ em Dracena"

Motociata Dia dos Pais em BrasĂ­lia (BrasĂ­lia

Publicado em: 05/07/2022 Ă s 15:44 | Atualizado em: 05/07/2022 Ă s 15:46

O prefeito de Dracena, AndrĂ© Lemos (Patriota), afirmou em publicaĂ§Ă£o nas redes sociais que suspeita de um “golpe” nos anĂºncios de uma motociata na cidade com a presença do presidente Jair Bolsonaro (PL) na prĂ³xima quinta-feira (07).

Em um vĂ­deo que Lemos diz ter recebido de Renato Bolsonaro, irmĂ£o do presidente, o familiar diz que o chefe do Executivo federal nĂ£o confirmou que vai comparecer ao evento, chamado de “Acelera para Cristo”. Em abril deste ano, Bolsonaro participou da segunda ediĂ§Ă£o dessa motociata.

O evento Ă© anunciado pelo organizador Jackson Vilar, com falas dos ex-ministros TarcĂ­sio de Freitas (Republicanos), prĂ©-candidato ao governo de SĂ£o Paulo, e Marcos Pontes (PL), que serĂ¡ candidato a deputado federal pelo estado.

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“Tomara que essa motociata aconteça, que tenha bastante gente, bastante verde e amarelo, e bastante alegria. Mas organizar um evento com base em mentira? Isso nĂ£o pode. Eu jamais aceitaria e compactuaria com isso”, afirmou o prefeito de Dracena em um vĂ­deo publicado no Facebook

Segundo Lemos, Vilar jĂ¡ entrou em contato anteriormente para dizer que levaria Bolsonaro para participar do evento e que o organizador pediu dinheiro para que a motociata fosse feita.

O prefeito afirma que Dracena nĂ£o tem condições de segurança para receber o presidente.

“Eu jĂ¡ sei que o aviĂ£o presidencial nĂ£o pousa em Dracena, o nosso aeroporto nĂ£o comporta. EntĂ£o isso jĂ¡ me chamou atenĂ§Ă£o. A segunda questĂ£o: como que vai se fazer uma motociata com o presidente daqui atĂ© Pereira Barreto, sendo que nĂ£o tem segurança nenhuma na nossa estrada? É uma estrada simples de mĂ£o dupla, onde qualquer acidente poderia tirar a vida do presidente”, disse AndrĂ© Lemos, prefeito de Dracena.

“EntĂ£o eu questionei ele e ele falou: “Deixa comigo”. E meu pediu 15 mil reais para fazer esse evento. […] EntĂ£o eu percebi que eu poderia estar caindo num golpe, numa roubada. Eu ia pedir dinheiro por aĂ­ e depois o presidente podia nĂ£o vir. Quem ia passar vergonha seria eu”, completou o prefeito, ele diz achar que Vilar conseguiu patrocinadores para a motociata.

No vĂ­deo enviado ao prefeito da cidade do interior de SĂ£o Paulo, Renato, irmĂ£o de Bolsonaro, diz que “o presidente nĂ£o estarĂ¡ em Dracena”.

“Se estĂ£o fazendo a motociata dizendo que o presidente estarĂ¡, nĂ£o Ă© verdade. Isso nunca foi confirmado nem cogitado”, afirmou.

“EntĂ£o, se vocĂªs quiserem participar da motociata em homenagem ao presidente e ao Brasil, das cores verde e amarela, beleza, Ă  disposiĂ§Ă£o. Mas a presença do presidente nĂ£o estĂ¡ confirmada, como nunca foi confirmada. NinguĂ©m estĂ¡ autorizado a falar em nome do presidente dizendo que ele irĂ¡ nessa motociata, sem o consentimento dele”, disse Renato Bolsonaro, irmĂ£o do presidente Jair Bolsonaro (PL)

O UOL entrou em contato com a Secom (Secretaria de ComunicaĂ§Ă£o da PresidĂªncia da RepĂºblica) para confirmar se Bolsonaro vai Ă  motociata e aguarda retorno.

A agenda pĂºblica disponibilizada no site do Planalto ainda nĂ£o consta compromissos para a data marcada para a motociata.

EdiĂ§Ă£o criticada

Na segunda ediĂ§Ă£o da motociata “Acelera para Cristo”, realizada em abril deste ano, Bolsonaro transformou o evento em palanque para criticar o WhatsApp e ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Na ocasiĂ£o, o percurso foi de SĂ£o Paulo a Americana.

Ă€ Ă©poca, o aplicativo de mensagens firmou acordo com a Corte eleitoral para nĂ£o liberar novas ferramentas na plataforma antes das eleições. Uma das novas funções permitiria o envio de mensagens a um nĂºmero maior de pessoas de uma sĂ³ vez.

“NĂ£o vai ser cumprido esse acordo que porventura eles tenham feito com o Brasil”, disse o presidente, sem dizer que medidas seriam tomadas por seu governo para forçar a liberaĂ§Ă£o dos novos recursos antes das eleições. Bolsonaro tambĂ©m chamou a medida de “cerceamento, censura, discriminaĂ§Ă£o”. “Isso nĂ£o existe. NinguĂ©m tira o direito de vocĂªs, nem por lei”, falou para os apoiadores.

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Foto: Marcos Foto: Marcos CorrĂªa/PR/PR