O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) declarou nesta quarta-feira (18), em entrevista exclusiva ao UOL , ser contrário à privatização da Petrobrás , ideia que foi levantada em entrevistas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), mas que atualmente não encontra respaldo e viabilidade política dentro do Congresso.
“Hoje eu sou contra a privatização. Não a vejo como solução para o problema [do preço dos combustíveis ]. O governo detém hoje 37% da Petrobras, na realidade. Os outros 63% estão distribuídos entre os mais diversos acionistas. A Petrobras é uma empresa com ação em Bolsa”, declarou ele, em entrevista concedida às jornalistas Carla Araújo e Fabíola Cidral, do UOL, em Brasília.
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Para Mourão, a privatização da estatal não baixaria o preço do combustível porque o “problema” não está na extração do petróleo, e sim no refino.
“Um quinto do combustível vendido aqui no Brasil é importado. Também se deixou um pouco de lado a questão do etanol, que é um combustível nosso. E eu já vivi todas essas crises. Na década de 70, o posto de combustível fechava no final de semana”, relembrou ele.
Mourão disse ainda entender “perfeitamente qual é o problema do [preço do] combustível”.
“O combustível aumentou em preços internacionais 60% nesse ano. Aqui no Brasil ele aumentou 50%. Então nós nem mantivemos a paridade internacional. Ao mesmo tempo, a nossa moeda se desvalorizou. Então foi uma tempestade perfeita.”
O vice-presidente afirmou considerar que a necessidade de importação de ao menos 20% de todo o combustível que é distribuído no país acaba por criar um gargalo financeiro, sobretudo em um período de desvalorização da moeda nacional.
“O que acontece no nosso país é que somos autossuficientes na produção de petróleo, mas não somos autossuficientes na produção de combustível —20% do combustível que utilizamos no Brasil é importado. Então não adianta importar por dez, chegar aqui e vender por cinco. Quem é que vai fazer isso? Ele vai ter que vender, no mínimo, pelo preço que ele está importando.”
Mourão alegou que, em “curto de espaço de tempo”, há uma tendência favorável à solução desse problema, pois “agora é que está sendo quebrado o monopólio do refino”. Segundo ele, o preço na bomba deve baixar à medida que novas empresas entrarem no ramo, assumindo as refinarias e ampliando a concorrência.
“Agora que está sendo quebrado o monopólio do refino. Então eu acredito que em curto espaço de tempo, com novas refinarias sendo construídas e com novas empresas entrando nisso aí, teremos uma queda significativa do preço do combustível aqui no Brasil.”
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Foto: Divulgação/Petrobras