Mulher que fez sexo com morador de rua faz revelações do caso

Sandra Mara Fernandes disse que passou receber com frequência mensagens com xingamentos e insultos de cunho sexual

Ferreira Gabriel

Publicado em: 02/05/2022 às 09:52 | Atualizado em: 02/05/2022 às 09:52

Desde março, a vida de Sandra Mara Fernandes, 34, mudou ao se tornar pública. A mulher virou notícia por ter tido relação sexual com um morador em situação de rua –Givaldo Alves de Souza, 31– dentro de um carro, na cidade de Planaltina (Distrito Federal).

Com isso, passou a sofrer ataques nas redes sociais e em aplicativos de conversa. Recebe com frequência mensagens com xingamentos e insultos de cunho sexual, entre outras ofensas que classifica como humilhantes. Já bloqueou mais de 80 contatos no seu celular pessoal.

Precisou vender sua loja e mudar-se de cidade. O marido, o personal trainer Eduardo Alves, também é alvo de ataques em suas redes sociais de uso profissional. Na Justiça, a empreendedora obteve uma liminar proibindo Gilvado de falar publicamente sobre ela.

“Ele me expôs como mulher, como ser humano, ele me atacou de todas as maneiras possíveis, então, ele acabou ali com a minha moral. Criaram perfis falsos em meu nome usando as minhas fotos. A população acreditou que tudo aquilo que ele falou era verdade”, disse Sandra à Folha.

Acompanhada de Eduardo e de sua advogada, ela conversou com a reportagem por mais de uma hora no último sábado (30). Procurado, Givaldo não respondeu aos questionamentos.

“Vivemos numa sociedade machista e por isso tenho sofrido ataques. O que mais me dói nesses ataques é quando eu sou atacada por outras mulheres. Porque vir de outra mulher é muito sofrido”, diz.

Em tratamento psiquiátrico, Sandra conta que evita sair à rua. Em uma ocasião, segundo ela, estava com a filha e o marido em uma praça e ouviu um grupo de jovens gritar o nome de Givaldo em sua direção.

Ela demonstra ter forte ligação com a religião e se converteu evangélica quatro dias antes do episódio que mudaria sua vida.

À Folha, ela descreveu com detalhes o que se passou naquele dia. Era período da tarde e Sandra estava com a sogra e a filha na rua quando uma pessoa apareceu querendo ver a Bíblia que ela lia.

No que mais tarde foi diagnosticado como um surto psicótico, fruto de um transtorno bipolar ainda por ela desconhecido, Sandra narra ter visto naquele homem à sua frente a representação de Deus e também de seu marido.

Já sem a companhia da filha e da sogra, voltou a encontrar o homem momentos depois. Os dois conversaram e foram de carro até uma área deserta. Lá ocorreu o ato sexual.

Na sua cabeça, afirma Sandra, havia um propósito naquilo tudo: realizar o desejo do marido, da sogra e o seu próprio de mudar de vida financeiramente.

Ela imaginava que consumar o ato sexual com quem enxergava ser a figura de Deus e do marido poderia concretizar o sonho da família de ter uma vida melhor. Na alucinação, relata, isso a levaria a ganhar na Mega-Sena. O jogo naquele momento pagava mais de 100 milhões ao vencedor, dos quais 10 milhões ela afirma que iria doar para a sua igreja.

Eduardo encontrou os dois no carro e agrediu o homem. Uma câmera de segurança registrou o episódio, que virou uma ocorrência policial. Sandra foi levada ao hospital ainda atônita, sem entender o que aconteceu. Ela assinou um documento que tratava do caso como abuso sexual.

Depois de medicada, foi levada para casa, onde teve mais dois surtos. Em um, conta ela, achava que seu pai, a madrasta e o sobrinho eram Satanás. Segundo ela, precisou ser levada amarrada para um hospital, onde foi internada para tratamento psiquiátrico.

O nome de Givaldo, de acordo com a empreendedora, só foi saber 15 dias depois. Aí, conta, finalmente se deu conta de que ele não se tratava de uma “divindade”.

“Comecei a ter crises de ansiedade e tiveram que reforçar um medicamento. Comecei a dormir mais do que ficar acordada. Como mulher, comecei a sentir nojo de mim. Tive uma crise em que me perfurei 28 vezes com uma caneta no punho esquerdo, por não aceitar aquilo. Eu não queria aceitar que aquilo tinha acontecido realmente”, afirma.

Após um mês, Sandra teve alta. Ainda era cercada de cuidados: se isolou de notícias sobre o caso, que àquela altura já havia ganhado repercussão nacional, após uma série de entrevistas concedidas por Givaldo.

Na internet, ainda circularam supostas fotos dela internada no hospital durante o choque.

Sandra precisou contratar uma equipe para cuidar de suas redes sociais –ela agora quer usar o dinheiro da venda da loja para abrir um comércio de roupas online. A empreendedora teme que voltar a lidar com o mundo virtual das redes acione um novo gatilho, desencadeando uma nova crise psicótica.

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