Nove com paralisia pela medula voltam a andar. Saiba como!
Cientistas conseguiram identificar e remodelar neurĂ´nios que sĂ£o ativados na movimentaĂ§Ă£o dos membros inferiores

Publicado em: 11/11/2022 Ă s 12:25 | Atualizado em: 11/11/2022 Ă s 12:45
Nove pacientes que tinham paralisia por lesĂ£o na medula espinhal voltaram a andar apĂ³s serem submetidos a um tratamento inovador conduzido por cientistas na SuĂça. Os resultados do trabalho foram publicados na quarta-feira (9) na revista Nature.
O ponto de partida foi estudar em camundongos uma famĂlia de neurĂ´nios que expressam o gene Vsx2, que nĂ£o sĂ£o necessĂ¡rios para a caminhada nestes animais, mas cujo conhecimento foi essencial para o processo de recuperaĂ§Ă£o da funĂ§Ă£o motora em humanos.
A partir daĂ, o grupo de cientistas conseguiu pela primeira vez visualizar a atividade da medula de um paciente enquanto ele caminhava.
Os pesquisadores também criaram uma espécie de mapa 3D da medula espinhal.
“Nosso modelo nos permite observar o processo de recuperaĂ§Ă£o com granularidade aprimorada — no nĂvel do neurĂ´nio”, explica em comunicado uma das autoras do estudo, a professora de neurociĂªncia GrĂ©goire Courtine, da EPFL (Escola PolitĂ©cnica Federal de Lausanne).
Com os avanços do estudo, percebeu-se a importĂ¢ncia dos neurĂ´nios Vsx2, que sĂ£o ativados durante o processo de estimulaĂ§Ă£o da medula espinhal.
Em outra etapa, a equipe da professora StĂ©phanie Lacour, tambĂ©m da EPFL, desenvolveu em laboratĂ³rio implantes epidurais adaptados com diodos emissores de luz que permitiram nĂ£o apenas estimular a medula espinhal, mas tambĂ©m desativar os neurĂ´nios Vsx2.
Essa identificaĂ§Ă£o e remodelaĂ§Ă£o dos neurĂ´nios ativados na medula durante a movimentaĂ§Ă£o dos membros inferiores foram fundamentais para o sucesso da terapia, que conseguiu que os pacientes se levantassem, andassem e reconstruĂssem seus mĂºsculos.
Quando a estimulaĂ§Ă£o elĂ©trica da medula foi desligada, a capacidade motora deles foi mantida, algo que sugere que as fibras nervosas usadas para caminhar haviam se reorganizado, afirmam os autores do estudo.
Segundo eles, as descobertas marcam “um avanço clĂnico fundamental” na reabilitaĂ§Ă£o de pacientes com lesĂ£o na medula espinhal que hoje nĂ£o conseguem andar.
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Foto: Marcelo Camargo/AgĂªncia Brasil