Pesquisadores da Universidade de Oxford iniciaram estudos que podem indicar a eficácia do uso de bismesilato de almitrina para tratar casos graves de covid-19.
De acordo com a nota divulgada na quinta-feira (10), o medicamento pode ajudar a restaurar o processo protetor natural nos pulmões e aumentar os níveis de oxigênio no sangue arterial, reduzindo a necessidade de outro suporte respiratório como o uso de respiradores.
O remédio tem sido bem-sucedido no tratamento da síndrome do desconforto respiratório agudo ao contrair os vasos sanguíneos em regiões do pulmão onde o oxigênio é baixo e pode ter o mesmo efeito em pacientes com covid-19.
“A ideia principal por trás do tratamento médico é de apoio. Seu objetivo é manter as pessoas vivas enquanto se recuperam da doença”, disse Peter Robbins, professor e pesquisador principal do estudo, por meio de nota.
Leia mais
Parceria Samel/Transire doa 300 respiradores à rede pública do Amazonas
O remédio será administrado em via oral nos 116 pacientes que os pesquisadores pretendem recrutar em três centros hospitalares. O ensaio clínico começou esta semana no Royal Berkshire Hospital e seguirá para o Hospital John Radcliffe dos Hospitais da Universidade de Oxford e o Hospital Universitário do País de Gales. O estudo deve durar aproximadamente 4 meses.
“Estou satisfeito com nossa decisão de usar almitrina oral, em vez de intravenosa, para o estudo. Essa abordagem de baixa tecnologia também poderia ser usada em países de baixa e média renda que talvez não tenham infraestrutura ou sejam insuficientes para fornecer oxigênio. Como uma droga oral, realmente tem o potencial de estender o caminho para a recuperação de muitas pessoas”, disse Robbins.
Segundo o doutor Nick Talbott, investigador-chefe do estudo geral nos três locais, se a almitrina for benéfica para os pacientes da pesquisa, pode representar uma nova abordagem realmente importante no tratamento da covid-19.
Ação da covid-19 nos pulmões
De acordo com os pesquisadores da Universidade de Oxford, pessoas que sofrem de covid-19 frequentemente desenvolvem níveis muito baixos de oxigênio, chamados de hipóxia, no sangue arterial que irriga o corpo.
O que acontece, segundo a hipótese levantada por eles, é que o vírus interrompe um processo normal nos pulmões chamado vasoconstrição pulmonar hipóxica, que desvia o sangue das partes doentes e não funcionais do pulmão para as partes que ainda estão funcionando normalmente.
Se essa ação for impedida e o sangue não for desviado para os segmentos pulmonares mais oxigenados, o paciente que sofre da infecção causada pelo novo coronavírus pode morrer de hipóxia profunda.
O uso de oxigênio suplementar e ventiladores para apoiar a respiração tem é para evitar este problema.
Foto: Divulgação