Após um ano de pandemia, situação do AM continua preocupante

Em 13 de março, o governo do Amazonas anunciava o primeiro caso de coronavírus em Manaus, de uma mulher de 39 anos com histórico de viagens a Londres (Inglaterra)

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Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 26/02/2021 às 17:16 | Atualizado em: 26/02/2021 às 17:16

No dia 26 de fevereiro de 2020, há exatamente um ano, o Brasil registrava o primeiro caso oficial de covid-19 na cidade de São Paulo.  

Pouco tempo depois, no dia 13 de março, o governo do Amazonas anunciou o primeiro caso em Manaus: uma mulher de 39 anos com histórico de viagens a Londres (Inglaterra). 

“Se eu morasse em Manaus estaria muito preocupado”, disse na ocasião o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. 

Nos últimos 12 meses, a apreensão deu lugar aos fatos e a cidade ficou conhecida mundialmente pelas cenas de horror com a rede hospitalar colapsada, covas coletivas para sepultamento e, mais recentemente, a falta de oxigênio para os pacientes infectados pelo vírus. 

No meio político e científico há quem diga que as perspectivas continuam ruins. Para o deputado Zé Ricardo (PT), o único da bancada declaradamente de oposição ao governo de Jair Bolsonaro, a situação tende a piorar. 

“Temos 250 mil mortes no Brasil e no Amazonas quase 10.500 mortes, boa parte seria evitada se houvesse ações de prevenção e uma estrutura melhor de atendimento na saúde. A perspectiva não é boa por que estamos com desemprego alto e não há projeto efetivo do governo para melhorar a economia”, avaliou. 

O deputado petista defende como urgente uma campanha de vacinação para frear a contaminação, antes do retorno às atividades. 

Segundo o parlamentar, o pagamento do auxílio emergencial o ano todo e o apoio para a micro e pequenas empresas também são fundamentais. 

Paralelo a isso, ele cobra investimento pesado em saúde. “O Amazonas foi muito afetado por deixar a saúde da capital e do interior em segundo plano, isso sempre foi motivo de escândalo e até hoje não temos uma UTI no interior”, disse. 

“O governo federal pouco investiu no Amazonas em infraestrutura e na melhoria das condições econômicas. Hoje depende da Zona Franca de Manaus que continua sendo ameaçada, agora mais uma medida (redução do imposto da bicicleta) que prejudica as empresas e os empregos, uma marca do Bolsonaro”, completou.

Vacinação 

“Não temos expectativas de resolver o problema a curto prazo com a vacinação em massa dado os erros em cascatas cometidos pelo governo federal, sobretudo em relação à compra de vacina para o Brasil”, criticou o epidemiologista Jesem Orellana, da Fiocruz/Amazônia. 

Ao analisar o período, o pesquisador diz que a epidemia no Amazonas acaba refletindo o que vai ser em outros estados da região Norte e do Brasil. 

“Se a gente pegar o que aconteceu em 2020 em Manaus, especificamente aquele pico explosivo de mortalidade em abril e maio, que causou toda aquela tragédia que assombrou a humanidade, a gente vai lembrar que semanas depois, meses depois, aconteceu um problema muito sério: a disseminação viral em outras regiões do Brasil”, explicou. 

Para fazer uma comparação, Orellana diz que, na vidrada do ano de 2020 para 2021, o Amazonas mergulhou no pior momento da segunda onda de contágio e mortalidade por covid-19, que começou em agosto e setembro. 

“Repetimos a experiência de fracasso da gestão da epidemia no Amazonas, cenas que chocaram a humanidade e infelizmente Manaus ficou conhecida como a capital mundial da covid e ainda foi responsável pela disseminação não só no Brasil, mas para dezenas de outros países dessa nova variante, a ameaçadora variante P1”, afirmou. 

Além do transtorno da variante chegando em outros estados, o pesquisador aponta um agravamento da situação no interior do estado. 

De acordo com ele, a crise nos municípios acontece num contexto de colapso da rede médico- hospitalar. 

Para ele, há um agravamento da situação em alguns municípios de forma tardia.  “Estão passando pelo que Manaus passou há uns 30 ou 40 dias atrás, portanto, é uma situação bastante preocupante que poderia ser evitada”, disse, referindo-se ao uso de máscaras e distanciamento físico.

Foto: Lucas Silva/Secom