Patriota usa fundo partidário para comprar Pajero por R$ 260 mil

O presidente da sigla, Adilson Barroso, justificou as compras dizendo que "toda empresa que queira ter resultado em seu trabalho tem que ter as ferramentas necessárias"

Patriota usa fundo partidário para comprar Pajero por R$ 260 mil

Publicado em: 10/08/2020 às 12:46 | Atualizado em: 10/08/2020 às 12:46

O Brasil tem um rombo bilionário nas contas públicas.

Estados e municípios atrasam salários de servidores e, sem dinheiro para as mais básicas necessidades, ameaçam quebrar.

Esse cenário de penúria acentuada, porém, não impediu que um partido como o nanico Patriota usasse R$ 260 mil do dinheiro público para comprar, à vista, uma Mitsubishi Pajero Sport zero km.

Carros

 

Uma das mais minúsculas siglas da Câmara, com apenas seis deputados, o Patriota (ex-Partido Ecológico Nacional) apregoa como uma de suas bandeiras a eficiência na gestão pública, com o menor gasto possível para a promoção de bens e direitos, e a “verdadeira austeridade fiscal com busca ao déficit nominal zero”.

 

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Fundo Partidário paga pessoas e empresas ligadas aos dirigentes

A sua prestação de contas relativa a 2019 aponta a aquisição de cinco carros.

Além da Pajero de R$ 260 mil, foram outros quatros veículos, a preços unitários de R$ 29 a R$ 124 mil.

Ao todo, desembolsou R$ 644 mil de verba pública na compra de carros.

O presidente da sigla, Adilson Barroso, justificou as compras dizendo que “toda empresa que queira ter resultado em seu trabalho tem que ter as ferramentas necessárias”.

 

Fundo eleitoral 

 

O gasto é um dos exemplos de dispêndios luxuosos promovidos por vários dos atuais 33 partidos políticos, que têm à disposição uma verba anual de cerca de R$ 1 bilhão (fundo partidário), além de outros R$ 2 bilhões a cada dois anos para gastos de campanha (fundo eleitoral).

Conforme a Folha mostrou neste domingo (09), entre os gastos dos partidos há pagamento de salários de dirigentes, empresas vinculadas a eles, parentes, amigos e parlamentares que fracassaram nas urnas.

A Folha analisou dados das prestações de contas partidárias de 2019 coletados e compilados pela ONG Transparência Partidária, nas três esferas, nacional, estadual e municipal.

 

Grandes gastadores

 

Dono da maior fatia do bolo, por ter tido o melhor desempenho na campanha para a Câmara em 2018, o oposicionista PT lidera os gastos.

As rubricas de gastos são:

viagens (R$ 1,57 milhão)

propaganda (R$ 6,2 milhões)

advocacia (R$ 6,1 milhões).

Já o rival PSDB foi o campeão de gastos com o pagamento de multas (R$ 709 mil) e a realização de pesquisas de opinião (R$ 1,48 milhão).

 

Rei dos eventos

 

O MDB do ex-presidente Michel Temer foi o que, nacionalmente, mais gastou no ano passado com eventos (R$ 5 milhões) e na rubrica de reforma ou aquisição de sedes próprias, em especial a do Ceará, terra do ex-tesoureiro da sigla e ex-presidente do Senado, Eunício Oliveira (R$ 396 mil).

O mais caro evento do partido foi a convenção nacional que elegeu o atual presidente, Baleia Rossi (SP), em outubro do ano passado, tendo custado R$ 1,5 milhão.

 

Outros gastadores

 

O PSD do ex-ministro Gilberto Kassab foi o que mais gastou com aluguel de imóveis, R$ 2,3 milhões.

O Pros, partido investigado sob suspeita de desvio de recursos, também esbanjou.

Foram R$ 307,5 mil para reforma ou aquisição de sede própria e R$ 155 mil para aquisição de um veículo.

O partido criado em 2013 pelo ex-vereador de Planaltina de Goiás (GO) Eurípedes Júnior já havia se notabilizado em 2015 por gastar R$ 2,4 milhões de dinheiro público para comprar um helicóptero.

 

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Foto: Divulgação/Patriotas