Paulo Guedes vai mudar nome do Bolsa Família e estender a informais

O ministro disse que a iniciativa será um programa de transferência de renda para os mais vulneráveis e será mais abrangente do que o atual Bolsa Família.

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Neuto Segundo

Publicado em: 09/06/2020 às 08:53 | Atualizado em: 09/06/2020 às 08:53

O ministro Paulo Guedes (Economia) afirmou a deputados federais nesta segunda-feira (08) que o governo deverá lançar o programa Renda Brasil para substituir o Bolsa Família logo após o fim da pandemia do novo coronavírus.

Segundo congressistas que participaram da reunião, o ministro disse que a iniciativa será um programa de transferência de renda para os mais vulneráveis e será mais abrangente do que o atual Bolsa Família.

 

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A ideia é incluir até informais identificados pelo governo Jair Bolsonaro e hoje são beneficiados pelo auxílio emergencial de R$ 600.

Guedes, porém, não deu detalhes sobre a iniciativa.

Iniciativa de Bolsonaro

 

Desde o ano passado, a equipe de Jair Bolsonaro trabalha em uma transformação do Bolsa Família e já previa mudar o nome do programa para Renda Brasil.

Segundo integrantes da equipe econômica disseram à Folha, diversas áreas do ministério estão fazendo estudos para aprimorar o desenho de programas sociais e usar melhor os recursos destinados a eles.

Para deputados, a decisão de lançar a iniciativa atrelada ao fim da pandemia é uma forma de o governo suprir o fim da ajuda financeira paga a parcela da população afetada pela pandemia.

O auxílio emergencial começou a ser pago em abril e a previsão era a de que ele durasse três meses.

A última parcela do benefício ainda será paga, mas o governo deverá estender o pagamento do auxílio por mais dois meses, mas com um valor menor, de R$ 300.

 

Base de dados atualizada

 

Uma das análises feitas pelo ministro a deputados é que a pandemia ajudou o governo a atualizar a base de dados de informais e isso poderia ser aproveitado no novo programa.

Na avaliação de dirigentes partidários e de integrantes do governo, os protestos contra o governo registrados neste domingo (07) foram embrionários, mas poderiam ser inflados no futuro com a participação de descontentes com o fim do auxílio emergencial.

Além de tentar barrar a insatisfação popular com o governo, o Executivo também alteraria de uma vez por todas o nome do programa que foi marca de gestões petistas.

 

Alinhamento das ações

 

A reunião desta segunda com Guedes teve como objetivo discutir com líderes de partidos de centro da Câmara medidas a serem tomadas após a pandemia do coronavírus.

Os ministros Walter Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) também participaram.

Segundo líderes partidários, o ministro da Economia falou que haverá dois choques passada a crise com a doença: um de empregos e outro de investimentos.

Os investimentos viriam com o aporte de dinheiro público para obras do governo que gerariam empregos.

Esse braço está previsto no programa do governo chamado de pró-Brasil que teve inicialmente o repúdio de Guedes que o criticou por ser muito desenvolvimentista e parecido com programas do PT.

Nesta segunda, Guedes acenou a ala militar do governo que defende o programa, sinalizando que pode colaborar com a iniciativa.

O ministro fez questão de ressaltar, no entanto, que espera que a maior parte dos investimentos para tocar as obras venham do setor privado.

Antes de Guedes falar, o ministro da Casa Civil disse que houve ruídos de que a ala militar e a Economia não estavam agindo em parceria, mas que eles queriam mostrar que estavam unidos.

Congressistas disseram que o ministro da Economia e Braga Netto estavam em sintonia.

 

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Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado