O grupo Democracia Socialista, tendência mais à esquerda do Partido dos Trabalhadores, divulgou comunicado contra a estratégia política de alianças que o ex-presidente Lula tem realizado com vistas às eleições presidenciais de 2018.
Como este site mostrou no último sábado (4), o PT, com o ex-presidente Lula à frente dos acordos, tem articulado parcerias com o “golpista” PMDB – como os próprios petistas chamam o ex-aliado – em pelo menos seis estados.
Intitulada “Nota pública contra a aliança com golpistas”, a mensagem faz menção às resoluções que o próprio PT anunciou, em julho, durante seu 6º Congresso Nacional.
“Em Alagoas, assim como em outros estados, é preciso reconstruir o PT com independência de classe, ao lado dos movimentos sindicais e populares, com programa e alianças de esquerda”, diz a tendência petista, em referência à aliança regional entre Lula e o grupo político (foto) do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), líder político de um clã que inclui seu filho, o governador alagoano Renan Filho (PMDB).
Ambos tentam a reeleição.
Partícipe do processo de fundação do PT, a Democracia Socialista foi criada em 1979 e se diz orientada pela “construção de um partido socialista, democrático, internacionalista, feminista e antirracista, ecossocialista, defensor da ética pública e do republicanismo”.
Nasceu como agrupamento político de inspiração marxista e atuou de maneira independente até 1986, quando virou tendência ideológica interna no PT.
Fazem parte da vertente petista nomes como o ex-ministro do Desenvolvimento Agrário Miguel Rosseto, o ex-prefeito de Porto Alegre Raul Pont e o deputado Afonso Florence (BA).
Alianças de ocasião
As parcerias em questão são firmadas em um momento de crise do PT em tempos de Operação Lava Jato – a legenda perdeu 60% das prefeituras nas eleições de 2016 e só reelegeu um prefeito, Marcus Alexandre, que comandará a capital Rio Branco (AC) até 2020.
Na esteira do impeachment de Dilma Rousseff, uma decisão do Diretório Nacional do PT proibiu formalmente alianças do partido com legendas que apoiaram o que os petistas chamam de “golpe”.
Mas petistas influentes têm defendido a derrubada da proibição.
É o caso do ex-prefeito de São Bernardo do Campo Luiz Marinho, presidente estadual do PT em São Paulo.
Já o líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP), diz que há conversas informais nos estados onde os dois partidos têm boa relação política, mesmo depois dos traumas do impeachment.
A aliança entre petistas e “golpistas” é vista com simpatia pelos dois lados: Lula quer candidatos fortes nos estados para impulsionar sua candidatura ao Palácio do Planalto; já para o PMDB, em alguns estados, é importante não contrariar a popularidade do ex-presidente.
No Nordeste, Lula chega a ter mais de 50% das intenções de voto.
Fonte: Congresso em Foco
Foto: Reprodução/Facebook de Renan