A Polícia Federal encontrou na residência do ex-vice-presidente jurídico da Odebrecht Maurício Ferro quatro chaves de criptografia que podem dar acesso a pastas da Planilha do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht que até então estão inacessíveis para o Ministério Público. As informações estão no Estadão.
O Setor de Operações Estruturadas era o departamento de propinas da empreiteira.
A descoberta aconteceu durante a deflagração da Operação Carbonara Chimica , 63ª fase da Lava Jato, nesta quarta-feira (21).
“Nós tivemos acesso, até agora, a uma parte do sistema que não estava criptografada. Agora, podemos ter acesso a novos arquivos nos quais pode haver detalhamento de pagamentos mais recentes que podem levar a novas investigações e ações penais”, disse o delegado Luciano Flores de Lima, superintendente regional da Polícia Federal no Paraná, no Estadão.
Maurício Ferro (foto ) foi preso nesta quarta, 21, na fase 63 da Lava Jato.
Segundo o Estadão, a ordem de prisão temporária de Ferro, por cinco dias, foi decretada pelo juiz Luiz Antonio Bonat, da 13.ª Vara Criminal Federal de Curitiba.
Ferro é o único executivo da empreiteira que não fechou acordo de delação premiada com a Lava Jato, informou o superintendente.
Ao todo, 77 executivos da empreiteira decidiram colaborar com a Justiça e revelaram uma rotina de pagamentos de propinas a políticos e agentes públicos.
Segundo Flores, as chaves apreendidas na casa de Ferro já eram objeto de buscas em operações anteriores.
Informações obtidas em colaborações apontavam que o ex-jurídico da Odebrecht poderia estar de posse delas.
“Esses dados serão analisados e entregues para o Ministério Público, inclusive para a verificação do crime de obstrução de Justiça”, disse o delegado da PF.
MPs, alvos milionários
A Operação Carbonara Chimica investiga os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro relacionados à edição das medidas provisórias (MPs) 470 e 472, em 2009, no Governo Lula, que concederam o direito de pagamento dos débitos fiscais do imposto sobre produtos industrializados (IPI) com a utilização de prejuízos fiscais de exercícios anteriores.
“O grupo investigado resolveu investir no ramo de legislação. Fez investimento milionário na compra de MPs para ter um retorno bilionário”, afirma Luciano Flores.
A Justiça Federal decretou o bloqueio de R$ 555 milhões das contas dos três alvos da nova fase da operação – Maurício Ferro, o advogado Nilton Serson e Bernardo Gradin, ex-presidente da Braskem.
“Este valor está ligado ao prejuízo efetivo decorrente da edição das MPs”, disse o procurador regional da República Antônio Carlos Welter.
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Foto: Reprodução/areacucuta.com