PF e a pressa em dizer que não há mandante dos crimes na Amazônia 

Análise é de que a Polícia Federal pode ter recebido ordem para enterrar a investigação

Mandante

Aguinaldo Rodrigues, da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 18/06/2022 às 11:28 | Atualizado em: 18/06/2022 às 11:28

A nota da Polícia Federal em que afirma não haver “mandante nem organização criminosa” por trás dos assassinatos de Bruno Pereira e Dom Phillips no Vale do Javari, na Amazônia, “é precipitada, desrespeitosa e espantosa”.

É uma declaração jogada ao vento antes mesmo que as investigações deem todas as respostas exigidas para o episódio trágico. Antecede, por exemplo, a completa identificação dos corpos.

Do jeito que a polícia do governo Bolsonaro faz está deixando uma péssima impressão: a de que alguém mandou enterrar a investigação.

A análise é do colunista Josias de Souza, no portal do UOL.

Conforme ele, a polícia, ao mesmo tempo em que “desrespeita os familiares dos mortos e todos os que esperam por uma investigação criteriosa, profunda e definitiva”, também despreza quem pode ajudar na investigação.

É o caso, por exemplo, dos indígenas. Não à toa, a Univaja, que representa os habitantes do Vale do Javari, no Amazonas, reagiu de imediato à nota da polícia.

E fez isso fazendo lembrar que muito do que foi conseguido até aqui na elucidação é graças à colaboração dos moradores e indígenas da região.

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Ajuda ignorada

Dessa forma, a Univaja “estranha que estejam sendo ignorados dados que repassou ao Ministério Público, à Funai e à própria PF”. Entre eles, o de que os irmãos Oliveira integram organização criminosa da região.

O estranhamento da entidade é maior a partir da nota porque as informações que compartilhou apontam para “criminalidade graúda” na Amazônia.

Some-se a isso a desconfiança generalizada de que os irmãos Oliveira não parecem ter capacidade de engendrar, sós, um plano criminoso de tal monta.

Em suma, a polícia e o governo devem uma satisfação mais convincente à sociedade para debelar a desconfiança de que há “gente interessada em enterrar viva uma investigação incômoda para o governo”.

Foto: reprodução/vídeo