A PF (Polícia Federal) prossegue com a operação Mundurukânia, no estado do Pará, para combater a extração ilegal nos garimpos. Já houve destruição de máquinas de garimpeiros e, estes, por seu lado, retaliaram a PF, incendiando casas e cortando rede elétrica e internet.
Na terça-feira, 25, quando se iniciou a operação, uma força-tarefa composta de agentes da PF, Ibama, Polícia Rodoviária Federal e Força Nacional, entrou em ação em terras indígenas Munduruku e Sai Cinza.
Ambas estão localizadas no município de Jacareacanga, no Pará, a quase 1.700 km da capital Belém.
Coordenada pela PF, a ação tem 134 agentes de segurança e de fiscalização na região. Também foram empregados helicópteros e veículos 4×4.
O garimpo ilegal em terras indígenas causa graves danos ao meio ambiente por causa de produtos químicos usados para encontrar metais preciosos e ainda provoca a poluição de rios e lençóis freáticos.
Também cria problemas sociais na região, especialmente os confrontos entre garimpeiros e indígenas.
Povo de tradição guerreira, os Mundurukus dominavam culturalmente a região do Vale do Tapajós, que nos primeiros tempos de contato durante o século 19 era conhecida como Mundurukânia, e daí se extraiu o nome da operação.
Crimes e operações
De acordo com a polícia, os suspeitos de praticar o garimpo ilegal estão sujeitos a responder por associação criminosa, exploração ilegal de matéria-prima da União e crime contra o meio ambiente previsto.
Força-tarefa coordenada pela PF destruiu máquinas dos garimpeiros Fotos: PF/divulgação
A operação, que ainda está em andamento e deve durar vários dias, faz parte de uma série de medidas determinadas pelo ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), no ano passado.
O magistrado autorizou diligências para ajudar a enfrentar a disseminação e mortes pela covid-19 (coronavírus) entre indígenas.
Os agentes de segurança trabalham para expulsar invasores de terras indígenas, além da criação de barreiras sanitárias, aumento da assistência médica e social e entrega de cestas básicas a essa população.
Uma das máquinas dos garimpeiros é destruída na operação
A operação Mundurukânia faz parte de um pacote de outras ações feitas na região também neste ano.
Garimpeiros reagem
Após ação da Polícia Federal contra garimpos ilegais nas terras Munduruku e Sai Cinza, na manhã desta quarta-feira (26), garimpeiros foram às ruas protestar e fecharam o município de Jacareacanga.
Nos últimos dias, a corporação intensificou o cerco contra a mineração na região.
Em motos, os garimpeiros seguiram até o território Munduruku e incendiaram a casa de Maria Leusa Munduruku, além de cortarem a energia e a internet do local.
De acordo com o relato de moradores da região, os homens ameaçam subir o rio Kururu até a Aldeia Santa Cruz, para atacar Ademir Kaba, liderança local que luta contra a presença dos garimpos na região.
Com informações do R7 e do site Jornalistas Livres
Foto: MPF-PA/reprodução