PF pede informações sobre troca de seguranças de Bolsonaro

O ofĂ­cio foi destinado ao ministro Augusto Heleno, titular do GSI, e investiga se o presidente interferiu na PolĂ­cia Federal (PF)

PF pede informações sobre troca de seguranças de Bolsonaro

Publicado em: 22/05/2020 Ă s 15:11 | Atualizado em: 22/05/2020 Ă s 15:11

A PolĂ­cia Federal expediu um ofĂ­cio pedindo informações ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) sobre as trocas na equipe de segurança pessoal do presidente Jair Bolsonaro e de seus familiares, para verificar se a versĂ£o de defesa de Bolsonaro no inquĂ©rito sobre interferĂªncias indevidas na PF Ă© verdadeira.

Investigadores avaliam que, no vĂ­deo da reuniĂ£o de ministros do Ăºltimo dia 22 de abril, Bolsonaro manifestou vontade de trocar a SuperintendĂªncia da PolĂ­cia Federal do Rio de Janeiro quando citou a necessidade de proteger familiares e amigos.

 

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Na frase do presidente, ele disse que teve dificuldades em trocar “segurança nossa no Rio de Janeiro” e complementou afirmando que agora iria efetivar esta troca.

A anĂ¡lise dos investigadores do caso Ă© que era uma referĂªncia Ă  troca no comando da PF do Rio, mas Bolsonaro e seus ministros argumentaram que ele se referia Ă  sua segurança pessoal.

Para apurar se a versĂ£o do presidente Ă© verdadeira, a PF pediu ao GSI informações detalhadas sobre todas as trocas feitas na equipe de segurança de Bolsonaro e de seus familiares, incluindo se ele jĂ¡ teve dificuldades para mudar nomes da equipe.

O ofĂ­cio foi destinado ao ministro Augusto Heleno, titular do GSI, nessa quinta-feira.

No pedido de informações, a PF solicita que o GSI informe todas as trocas de comando na chefia da segurança pessoal de Bolsonaro e todas as trocas de comando na chefia do escritĂ³rio do GSI no Rio de Janeiro.

Pede ainda que seja informado se houve alguma dificuldade para trocar ou nomear pessoas escolhidas para a equipe de segurança pessoal de Bolsonaro e de seus familiares.

Um Ăºltimo ponto chamou atenĂ§Ă£o dos investigadores e tambĂ©m se tornou objeto de questionamento. Bolsonaro citou a necessidade de proteger nĂ£o apenas familiares, mas tambĂ©m amigos, e nĂ£o existe previsĂ£o legal para que o governo federal forneça segurança para amigos do presidente – apesar de a lei permitir que sejam fornecidos serviços de segurança para alguns membros do alto escalĂ£o do governo.

Por isso, no Ăºltimo questionamento, a PF pede ao GSI que informe se o Ă³rgĂ£o realizou segurança para amigos do presidente ou outras pessoas que nĂ£o estĂ£o enquadradas na previsĂ£o legal, o que poderia significar alguma irregularidade.

Na resposta, o GSI deve fornecer provas documentais sobre essas trocas e indicar eventuais testemunhas sobre os fatos.

Trocas

Na semana passada, o “Jornal Nacional” revelou que Bolsonaro fez diversas trocas na sua equipe de segurança pessoal meses antes daquela reuniĂ£o do conselho de ministros, na qual havia afirmado que teve dificuldades para trocar sua “segurança” no Rio.

Bolsonaro promoveu no final de março o entĂ£o diretor do Departamento de Segurança Presidencial e colocou o seu nĂºmero 2 no lugar.

Entre as funções desse departamento, que Ă© vinculado ao GSI, estĂ¡ zelar pela segurança pessoal do presidente da RepĂºblica, do vice-presidente e dos seus familiares.

Esse Ă³rgĂ£o era ocupado atĂ© o final de março por AndrĂ© Laranja de SĂ¡ CorrĂªa.

Entretanto, no dia 26 de março ele foi promovido a general de brigada e foi transferido para o comando da 8ª Brigada de Infantaria Motoriza do ExĂ©rcito, localizada em Pelotas (RS).

A promoĂ§Ă£o de oficiais-generais Ă© prerrogativa do presidente da RepĂºblica e deve ocorrer de acordo com o mĂ©rito.

O cargo atualmente ocupado por SĂ¡ CorrĂªa Ă© importante dentro da estrutura do ExĂ©rcito e jĂ¡ foi ocupado pelo atual ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos.

Para o lugar de SĂ¡ CorrĂªa, Bolsonaro colocou Gustavo Suarez, que atĂ© entĂ£o era diretor-adjunto do departamento.

Bolsonaro também fez uma terceira mudança na estrutura da segurança.

Em 28 fevereiro, menos de dois meses antes da reuniĂ£o, Bolsonaro trocou o chefe do escritĂ³rio do Rio.

O coronel Luiz Fernando Cerqueira foi substituĂ­do pelo tenente coronel Rodrigo Garcia Otto.

 

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Foto: DivulgaĂ§Ă£o