PIB 2020 da América Latina e Caribe tem maior queda do século

Altas taxas de desocupação na pandemia de covid exigirá políticas de emprego dirigidas aos grupos mais vulneráveis

PIB 2020 da América Latina e Caribe tem maior queda do século

Da Redação do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 15/06/2021 às 05:55 | Atualizado em: 15/06/2021 às 10:57

A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) lançaram ontem (14)a edição nº 24 da sua publicação conjunta “Conjuntura Laboral na América Latina e no Caribe”.

O trabalho analisa o efeito da crise provocada pela covid-19 nos principais indicadores do mercado de trabalho em 2020.

De acordo com o documento, ano passado, o Produto Interno Bruto (PIB) regional registrou uma contração de -7,1%, a maior do último século.

Por sua vez, gerou uma queda no emprego e um aumento na taxa de desocupação que atingiu 10,5% em média no ano passado.

Segundo o levantamento da Cepal e OIT, os maiores impactos foram observados no segundo trimestre de 2020, quando foram implementadas as medidas de confinamento e de contenção da pandemia.

Essas medidas produziram uma queda acentuada da atividade econômica, do emprego e das horas de trabalho.

Segundo o relatório, a contração do emprego em 2020 foi muito mais forte em setores como a hotelaria (19,2%), construção (11,7%), comércio (10,8%) e transportes (9,2%), que juntos representam cerca de 40% do emprego regional.

Por sua vez, a indústria (8,6%) e outros serviços (7,5%) também registraram retrações, enquanto na agricultura a perda de empregos foi comparativamente menor (2,4%).

Saída do mercado de trabalho

Muitos trabalhadores, principalmente os informais, não puderam dar continuidade ao seu trabalho produtivo e tiveram que se retirar do
mercado, o que os impediu de gerar renda para suas famílias e de atuar de forma contra cíclica como nas crises anteriores.

Da mesma forma, o fechamento de serviços e das escolas implicou em uma carga de trabalho pesada dentro das residências, que em geral se distribui de forma desigual, sobrecarregando principalmente as mulheres.

A partir do terceiro trimestre do ano, observou-se o retorno dos trabalhadores ao mercado de trabalho e o aumento gradativo do emprego.

No entanto, o ano de 2020 terminou com níveis mais baixos de participação e emprego e níveis mais altos de desemprego em comparação com os observados antes da pandemia.

“Dada a profundidade do impacto da crise de 2020 nos mercados de trabalho da região, os países devem implementar políticas que estimulem a criação de empregos, especialmente nos grupos mais vulneráveis como jovens e mulheres”, afirmam Alicia Bárcena, secretária executiva da Cepal, e Vinícius Pinheiro, diretor regional da OIT para a América Latina e Caribe, no prefácio do documento.

Os dois diretores também destacam a importância de regulamentar novas formas de contratação por meio de plataformas digitais.

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Melhores condições de trabalho

Ambas as agências das Nações Unidas enfatizam que é fundamental pensar em estratégias que permitam lançar as bases para um retorno com melhores condições de trabalho para todos os trabalhadores.

Isto implica, segundo a Cepal e a OIT, na tomada das seguintes medidas:

  • apoiar a recuperação do emprego nas categorias e setores mais altamente afetados;
  • melhorar os aspetos institucionais relacionados com a saúde e segurança no trabalho;
  • promover a formalização dos trabalhadores;
  • inclusão laboral das mulheres;
  • regulamentação adequada das novas modalidades de trabalho.

Trabalho nas plataformas digitais

Nesta edição da Conjuntura Laboral na América Latina e no Caribe, a Cepal e a OIT também examinam os principais aspectos do trabalho decente para os trabalhadores mediado por plataformas digitais.

“Durante a pandemia, esses trabalhadores foram uma fonte de emprego muito importante devido à necessidade de reduzir os contatos pessoais e manter a distribuição de bens essenciais”, afirmam os pesquisadores da Cepal e da OIT.

No entanto, a evidência sugere que existe uma alta precarização deste tipo de trabalho caracterizado pela instabilidade, por longas jornadas de trabalho, pela ausência de proteção sociolaboral e pela falta de opções de diálogo e representação.

O relatório destaca ainda a necessidade de desenhar marcos regulatórios adequados para cumprir o objetivo de estabelecer e proteger os direitos sociais e trabalhistas para essas novas formas de trabalho em expansão.

Acesse o documento completo (em espanhol) da Cepal/OIT no link a seguir: https://www.ilo.org/santiago/publicaciones/coyuntura-laboral-am%C3%A9rica-latina-caribe/WCMS_802535/lang–es/index.htm

Foto: EBC