Polícia aponta rede de ‘fábricas de diplomas’ invadindo educação no Brasil
Polícia investiga esquema de diplomas falsos que gera prejuízos milionários

Da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 12/08/2025 às 15:11 | Atualizado em: 12/08/2025 às 15:12
Uma rede de fraude vem produzindo diplomas falsos de mestrado e doutorado estrangeiros, abalando a credibilidade da pós-graduação e gerando prejuízos milionários aos cofres públicos. A Polícia Federal (PF), ministérios públicos e polícias civis de vários estados investigam o que classificam como verdadeiras “fábricas de diplomas” que inundam o país com títulos duvidosos.
O esquema, que antes se concentrava em países vizinhos como o Paraguai, agora inclui uma proliferação de falsas “universidades americanas” voltadas para o mercado brasileiro.
Segundo César Callegari, presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), essa é apenas “a ponta do iceberg”.
Delegados como Francisco Iasley Lopes de Almeida, da Polícia Civil da Paraíba, lideram investigações sobre a venda desses diplomas, que frequentemente são usados por professores de redes públicas para ascensão na carreira e aumento salarial.
Expansão dos golpes
Um dos polos dessa fraude é a Flórida (EUA), onde a facilidade para registrar instituições permite a criação rápida de falsas universidades.
Após o registro, os golpistas solicitam uma “Religious Exemption” (isenção religiosa) que os isenta da fiscalização estadual, mas não corresponde a reconhecimento ou acreditação oficial. Estima-se que existam mais de três mil instituições desse tipo na Flórida.
Essas falsas universidades criam dois sites: um oficial, para cursos teológicos, e outro em português, oferecendo cursos secularizados, como “Mestrado Internacional em Educação e Administração”, direcionados ao público brasileiro.
Além disso, as fraudes usam parcerias fictícias com IES brasileiras, que emitem diplomas aparentemente válidos no país, e falsas acreditações de organizações não reconhecidas, como a International Accreditation Organization (IAO).
No Brasil, a “lavagem” dos diplomas ocorre quando instituições nacionais, como a Universidade Metropolitana de Santos (Unimes), chancelam em massa títulos suspeitos. Por exemplo, a Facultad Interamericana de Ciencias Sociales (FICS) tem 477 deferimentos emitidos pela Unimes, gerando lucros milionários, já que cada reconhecimento custa em média R$ 6 mil.
Medidas legais
O impacto financeiro é significativo, pois muitos dos beneficiados são servidores públicos que usam esses diplomas para progressão e aumento salarial, criando o risco de uma “bolha financeira” para os estados.
Com as denúncias, o CNE encaminhou as investigações ao Ministério da Educação e à Capes, aprovando regras mais rígidas para validar diplomas estrangeiros.
A Capes monitora denúncias e colabora com órgãos de controle, ressaltando que o reconhecimento depende de análise criteriosa das universidades brasileiras.
Leia mais em Extra Classe.
Foto: Divulgação