Os povos do Vale do Javari, no Amazonas, preparam os rituais de despedida do indigenista Bruno Pereira, após desfecho trágico com a confirmação da morte também do jornalista britânico Dom Phillips.
Estarão no funeral, parentes e também os indígenas que conviviam e lutavam ao lado do indigenista pela proteção da região.
A expectativa da família de Bruno é de que ele seja velado entre quarta (22) e quinta-feira (23), no Recife (PE), sua terra natal, a depender da liberação do corpo pela Polícia Federal, que já está em trabalho de conclusão das perícias.
No Vale do Javari, as várias tribos que vivem na terra indígena também já preparam seus rituais espirituais de despedida, que independem da presença do corpo do indigenista.
A tribo kanamari, por exemplo, começaria na segunda-feira (20) seus cânticos aos espíritos de Bruno.
“O povo kanamari de hoje para amanhã já deve fazer uma cerimônia em Atalaia do Norte. Os demais vão fazer nas aldeias. Todos eles, marubos, matis, cada um com o seu jeito”, explica Beto Marubo, liderança indígena.
“São músicas cantadas, cada povo com o seu próprio ritual espiritual, onde não precisa estar exatamente o corpo ali”.
“São formas de expressar as condolências ao Bruno e ao Dom. Cada povo, na verdade, tem uma forma muito própria de se manifestar nesse momento”, acrescenta Eliésio Marubo.
No vídeo que emocionou as redes sociais, Bruno aparecia sorridente cantando uma música justamente no idioma kanamari, um dos menos falados naquela região.
Nas imagens, seu prestígio e admiração com a tribo restavam evidentes pela forma como os indígenas reagiam e cantavam junto com ele.
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Pressão em Brasília
A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), do qual Beto e Eliésio Marubo fazem parte, já confirmou que estará presente no Recife ao lado da família de Bruno para a última despedida. E nesta semana, os representantes dos indígenas terão compromissos em Brasília.
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Foto: Cimi/divulgação