Presidente da CPI da covid expõe divergências com relator

Durante o fim de semana, vários senadores demonstraram insatisfação com o vazamento de alguns dos principais pontos do relatório final de Renan

Presidente da CPI

Diamantino Junior

Publicado em: 18/10/2021 às 16:11 | Atualizado em: 18/10/2021 às 16:13

Presidente da CPI da covid, o senador Omar Aziz (PSD-AM) expôs, nesta segunda-feira (18), o mal-estar dentro do grupo majoritário da comissão, por causa das divergências a respeito do relatório final dos trabalhos e o vazamento de trechos do documento para a imprensa.

Aziz atacou diretamente atitudes recentes do relator, Renan Calheiros (MDB-AL), que teria ignorado um acordo fechado dentro do chamado G7, como é conhecido o grupo majoritário da CPI. Disse que “ninguém é dono da verdade” para impor um relatório aos demais senadores.

“É do conhecimento do relator e de várias pessoas membras, principalmente do G7, que tinha divergências e que [Renan] iria ser convencido em relação a [acusação de] genocídio [contra o presidente Jair Bolsonaro].”

“É de conhecimento dele [Renan]. Ele não vazou esse relatório sem saber que a gente queria discutir essa questão. Então, se você me perguntar se está tudo bem, não, não está tudo bem”, afirmou o presidente da comissão em entrevista à GloboNews.

Inicialmente, estava previsto para esta semana o encerramento dos trabalhos da CPI da covid, com a leitura do relatório final na terça-feira (19), com a votação do documento marcada para o dia seguinte.

No entanto, durante o fim de semana, vários senadores demonstraram insatisfação com o vazamento de alguns dos principais pontos do relatório final de Renan.

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Um dos pontos de divergência, como relatou a coluna Mônica Bergamo, da Folha, é a proposta de indiciamento de Bolsonaro pelo crime de genocídio contra a população indígena.

Por causa dessas divergências, os senadores do grupo majoritário decidiram adiar a leitura e a votação do relatório final.

Também nesta segunda-feira, Renan negou que haja mal-estar por causa do vazamento de trechos de seu parecer. “Mal-estar não existe”, disse à imprensa. Ele afirmou não ter recebido reclamações dos colegas.

“O relatório vazou e lamento que tenha vazado, mas eu achei até bom o resultado, porque antecipa publicamente um debate que era inevitável, insubstituível”, afirmou o relator.

O senador Humberto Costa (PT-PE), porém, demonstrou incômodo com a divulgação do texto. “Tudo o que o Brasil não deseja, não espera e não aceita, é que esta CPI, depois de ter dado contribuição histórica ao país, termine com uma disputa de vaidades”, afirmou.

O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), minimizou as disputas, disse que o relatório ainda está em debate e sugeriu inserir o ministro Paulo Guedes (Economia) entre os indiciados.

Renan afirmou que Guedes pode ser incluído no relatório, se o grupo majoritário da comissão desejar. Ainda citou possibilidade de citar o ministro da CGU (Controladoria-Geral da União), Wagner Rosário, por suposta prevaricação.

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Foto: divulgação