Presidente do CFM pede uso de cloroquina contra covid

Entrevistados ressaltaram a proximidade entre Mauro Ribeiro e o presidente Jair Bolsonaro, defensor do uso desses medicamentos

Presidente do CFM pede uso de cloroquina contra covid

Da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 18/10/2021 às 09:40 | Atualizado em: 18/10/2021 às 09:40

O presidente do CFM (Conselho Federal de Medicina), Mauro Luiz de Britto Ribeiro, pediu a liberação do uso de cloroquina e hidroxicloroquina contra a covid-19.

Conforme um documento de abril de 2020, ele recomendou “em condições excepcionais”, para tratamento de pacientes com a doença.

Com isso, o presidente do CFM, ele é um dos investigados pela CPI da covid.

Segundo o UOL,  parecer foi aprovado por unanimidade em sessão plenária do CFM em 16 de abril de 2020.

Dessa forma, Ribeiro assina o pedido como “relator” e, na parte como “interessado” na liberação dos medicamentos, está registrado o próprio CFM.

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Ações ilegais

Essas ações são legais, de acordo com o regimento interno do conselho.

Contudo, ex-conselheiros e ex-presidentes do CFM ouvidos em condição de anonimato pelo UOL ressaltam que o parecer não teria tido aval científico de especialistas da área.

Desse modo, o CFM divulgou uma mensagem equivocada à sociedade com a liberação e que o rito seguido por esse documento não teria seguido os passos habituais.

Além disso, os entrevistados ressaltaram a proximidade entre Mauro Ribeiro e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), defensor do uso desses medicamentos contra a covid-19.

Por exemplo, ele mesmo diz ter tomado cloroquina duas vezes—, apesar de estudos comprovarem a ineficácia deles no tratamento contra a doença criada pelo novo coronavírus.

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Nota

Em nota, o CFM ressaltou que o parecer público foi aprovado de forma legal, seguindo as regras do conselho, e entregue ao presidente Jair Bolsonaro.

Como resultado, fazendo com que o conselho comprovasse “seu compromisso com a transparência de seus atos”.

Apesar de não ser obrigatório, os médicos que criticaram o parecer explicam que é de “bom tom” que pedidos de uso de medicamentos, principalmente com efeitos colaterais preocupantes, tenham um parecer técnico de uma equipe de especialistas.

Ou seja, como um colegiado de infectologistas e reumatologistas com experiência em hidroxicloroquina e cloroquina.

O exemplo científico citado por Mauro Ribeiro para sustentar a liberação dos remédios é de um documento da Sociedade Americana de Doenças Infecciosas, de 11 de abril.

Segundo o presidente do CFM, o documento recomendava hidroxicloroquina e cloroquina, isoladamente ou associadas à azitromicina (um antibiótico), para pacientes internados sob protocolos clínicos de pesquisa.

Em junho, o UOL também revelou que dois médicos conselheiros do CFM participaram de uma reunião do “gabinete paralelo” no Palácio do Planalto, em setembro do ano passado, junto a Bolsonaro.

Em suma, o presidente do CFM, Mauro Ribeiro, já apareceu diversas vezes em vídeos compartilhados no Twitter de Jair Bolsonaro.

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Foto: Marcos Corrêa/PR