Redução do IPI de eletrodomésticos não chega ao consumidor

Nos últimos dois meses apesar do corte do imposto sobre os produtos, os preços continuaram subindo

Ferreira Gabriel

Publicado em: 11/04/2022 às 09:27 | Atualizado em: 11/04/2022 às 09:27

A redução de 25% na alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), sendo de 18,5% no caso dos veículos, valendo desde 25 de fevereiro, não chegou ao consumidor, apontam indicadores de inflação.

O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), índice oficial de inflação do governo, divulgado na última sexta-feira (8) mostra que bens duráveis que passaram a pagar menos imposto, como geladeira, máquina de lavar, fogão e carros, desaceleraram os reajustes, mas continuaram subindo de preços nos dois últimos meses.

O alívio na tributação sobre bens eletrodomésticos e veículos não está reduzindo preços desses bens de consumo duráveis por dois motivos, dizem empresários e economistas: outros itens continuam pressionando os custos; e uma parte do corte de imposto ficou no meio do caminho, ou seja, virou margem de lucro na cadeia, entre a fábrica e a loja.

Profissionais ouvidos pelo UOL dizem que o ciclo de reajustes de preços de matérias-primas continua elevando custos da indústria. Por isso, dizem, há pouco espaço para redução de preços para o consumidor nos próximos meses, mesmo com a manutenção do corte do IPI por mais tempo.

Para economistas e empresários, o IPI menor pode, no máximo, conter uma onda maior de reajustes de eletrodomésticos e veículos.

“É claro que o corte do IPI tem algum efeito. Mas o IPI é parte dos impostos, que por sua vez são parte dos custos. O preço final no varejo até pode cair algo nos próximos meses, mas uma parte da redução do imposto vai ficar na cadeia de custos. O ideal seria corte permanente da carga tributária, que hoje chega a 37%”, explicou Fábio Pina, assessor econômico da FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de São Paulo).

Entre os bens de consumo duráveis beneficiados pela redução do IPI, apenas o item televisores teve redução de preço em março. Mas esse movimento se deveu mais à queda do dólar. Quase todos os materiais nos aparelhos são importados, da tela aos chips.

Os demais itens duráveis até desaceleraram a alta de preços, mas os reajustes continuaram entre fevereiro e março.

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