Rei da soja diz que retórica de Bolsonaro levará agronegócio à estaca zero

Publicado em: 15/08/2019 às 10:31 | Atualizado em: 15/08/2019 às 10:46
Da Redação
Ganhador do prêmio “Motosserra de Ouro” do Greenpeace em 2005, o empresário, ex-ministro da Agricultura, ex-senador e ex-governador de Mato Grosso, maior produtor de soja do mundo, o empresário Blairo Maggi opinou hoje sobre o discurso ambiental do governo Bolsonaro (PSL), que permitiu o avanço da destruição ambiental da Amazônia, segundo o Inpe.
Para ele, a retórica agressiva do presidente leva o agronegócio à estaca zero.
“Há anos o Brasil vinha defendendo preservação com produção, tínhamos avançado bastante, já tínhamos ganhado confiança do mercado, mas com esse discurso [do governo], voltamos à estaca zero. E aqui faço uma analogia: o Brasil tinha subido no muro e passado a perna para descer do outro lado, agora fomos empurrados de volta e para bem longe do muro. Não veja como crítica feroz, mas sim como um alerta”.
O alerta foi feito em entrevista ao jornal Valor Econômico. Leia a reportagem.
Concordando com Bolsonaro, ex-ministro faz crítica ao Fundo Amazônia, estopim das falas do presidente em relação ao tema.
Ele diz também ao jornal que o Brasil deve reclamar a soberania do ambiente, mas destaca que tem que compor com outros países.
Para Blairo Maggi, o Brasil não precisa do fundo. Para ele, o recurso só põe o Brasil em posição de débito com outros países, além de não atingir a população da região.
“Vá no interior da Amazônia em qualquer município e pergunte se alguém recebeu algum benefício por abrir mão do ‘progresso’ em nome da preservação. Agora, sou defensor de um fundo mundial para repassar uma saúde e educação de qualidade a esses brasileiros da floresta. Um fundo que pudesse fazer com que o dinheiro chegasse na ponta para quem abre mão do desmatamento. As pessoas que estão na beira do Rio Amazonas, por exemplo, não ganham nada”.
Foto: José Cruz/Agência Senado, em 20 de fevereiro de 2014