Rossieli Soares cotado para nova Secretaria de Educação

Ex-secretário de Educação do Amazonas assume Educação em Minas com respaldo técnico e polêmicas no histórico.

Publicado em: 24/07/2025 às 16:37 | Atualizado em: 24/07/2025 às 16:37

A iminente substituição de Igor Alvarenga por Rossieli Soares na Secretaria de Educação de Minas Gerais marca mais do que uma simples troca de nomes: representa uma mudança estratégica no perfil da política educacional do governo Romeu Zema (Novo), que ainda não se manifestou oficialmente sobre o assunto.

Igor Alvarenga está no cargo desde agosto de 2022 e vinha sendo visto como um gestor técnico com entregas concretas. Tanto que, após uma tentativa de sua substituição anos atrás, foi mantido no cargo por ter demonstrado resultados. A atual decisão de sua saída parece responder mais a uma movimentação política do que a uma reprovação de sua performance. Segundo fontes da própria gestão, trata-se de uma “decisão de governo” — ou seja, um alinhamento estratégico de longo prazo. Rossieli já vinha sendo cogitado por Zema há pelo menos dois anos.

A escolha de Rossieli, ex-ministro da Educação no governo Michel Temer e ex-secretário nos estados do Amazonas, São Paulo e Pará, pode ter como objetivo aproximar Minas de um perfil mais técnico, com foco em resultados e com trânsito nacional — algo útil para um governo estadual que busca protagonismo em políticas públicas.

Rossieli: currículo forte, mas com passivos políticos

Rossieli Soares tem experiência acumulada nas principais secretarias de educação do país. Em São Paulo, sua gestão foi marcada por avanços na digitalização do ensino e aumento nos índices de desempenho. No Pará, onde atuou mais recentemente, o estado apresentou salto no Ideb. Porém, sua passagem não foi isenta de controvérsias.

O maior desgaste veio com a aprovação de uma lei que, segundo críticos, permitia educação a distância para comunidades tradicionais — o que gerou protestos e a ocupação do prédio da secretaria por mais de um mês.

Embora Rossieli afirme que a lei foi mal interpretada e já tenha sido revogada, o episódio marcou sua saída do governo Helder Barbalho.

O tema ganhou ainda mais peso por ocorrer às vésperas da COP 30, que será realizada em Belém.

Outro ponto de desgaste foi uma decisão de 2017 do Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM), que determinava a devolução de R$ 2,2 milhões por supostas obras não realizadas. O secretário afirma que recorreu, teve suas contas aprovadas e nunca foi condenado de forma definitiva — o que é confirmado pela documentação do próprio TCE.

Repercussão negativa e resistência

A notícia da saída de Igor Alvarenga gerou reações imediatas, incluindo a campanha #FicaIgor nas redes sociais e manifestações de apoio por parte de superintendentes da Secretaria e do Sindicato de Estabelecimentos Particulares de Ensino (Sinepe).

Essa resistência mostra que, embora não tenha o mesmo reconhecimento nacional que Rossieli, Igor consolidou apoios internos, especialmente entre profissionais da educação em Minas.

O que está em jogo

Ao optar por Rossieli Soares, o governo Zema sinaliza que busca consolidar uma gestão mais técnica, com foco em resultados e no uso de indicadores para aferir desempenho.

Ao mesmo tempo, assume o risco de lidar com o desgaste prévio do novo secretário, cujas decisões recentes ainda reverberam no debate nacional sobre educação em comunidades vulneráveis.

Essa escolha também pode ter reflexos na articulação política de Zema com o governo federal, já que Rossieli transita bem em ambientes tanto técnicos quanto políticos, mesmo tendo servido em governos de diferentes matizes ideológicas.

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A ida de Rossieli Soares para Minas Gerais mostra um movimento calculado do governo Zema: busca por resultados, por visibilidade nacional e por nomes de peso, mesmo que isso envolva lidar com polêmicas passadas.

A gestão terá de equilibrar o capital técnico de Rossieli com a necessidade de reconstruir confiança interna na pasta, especialmente entre os profissionais da rede pública estadual.

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