Rússia lidera a “guerra fria” pela vacina do coronavírus

A aprovação abre caminho para a imunização em massa da população russa, ainda que o estágio final de ensaios clínicos para testar a segurança e eficácia continue

Coronavírus ainda vai fazer estrago por até dois anos, diz epidemiologista

Diamantino Junior

Publicado em: 11/08/2020 às 08:04 | Atualizado em: 11/08/2020 às 08:04

O presidente Vladimir Putin disse, nesta terça-feira (11), que a Rússia se tornou o primeiro país do mundo a aprovar a regulamentação para uma vacina contra a covid-19.

O país testou a droga menos de dois meses em humanos.

A aprovação abre caminho para a imunização em massa da população russa, ainda que o estágio final de ensaios clínicos para testar a segurança e eficácia continue.

 

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A velocidade com que a Rússia está se movimentando para lançar sua vacina destaca a determinação em vencer a corrida global por um produto eficaz, mas despertou preocupações de que pode estar colocando o prestígio nacional acima da ciência e segurança sólidas.

Moscou, no entanto, afirmou que a aprovação é sinônimo da sua “proeza científica”.

Em uma reunião governamental na televisão estatal, Putin afirmou que a vacina, desenvolvida pelo Instituto Gamaleya, é segura e que até mesmo foi administrada a uma de suas filhas.

“Sei que funciona de maneira bastante eficaz, forma uma forte imunidade e, repito, passou em todos os testes necessários”, disse Putin.

Ele disse que espera que o país comece a produzir em massa a vacina em breve.

O ministro da Saúde russo, Mikhail Murashko, já havia anunciado que a imunização deve começar em outubro.

 

Passos

 

A partir da aprovação pelo Ministério da Saúde do país, inicia-se um estudo maior envolvendo milhares de participantes, comumente conhecido como estudo de Fase 3.

Esses ensaios, que exigem uma certa taxa de participantes que contraem o vírus para observar o efeito da vacina, são normalmente considerados precursores essenciais para que um imunizante receba aprovação regulatória.

 

Corrida mundial

 

Especialistas em todo o mundo têm insistido que a corrida para desenvolver vacinas contra o novo coronavírus não comprometerá a segurança.

Entretanto, pesquisas recentes mostram uma crescente desconfiança do público nos esforços dos governos para produzir rapidamente – e sem transparência – o imunizante.

Os profissionais de saúde russos que tratam pacientes com covid-19 terão a chance de se voluntariar para serem os primeiros vacinados, juntamento com professores, logo após a aprovação do imunizante, disse uma fonte à Reuters no mês passado.

Mais de 100 vacinas possíveis estão sendo desenvolvidas em todo o mundo para tentar frear a pandemia de covid-19.

Pelo menos quatro estão em testes finais de Fase 3 em humanos, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde.

 

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Foto: BNC Amazonas