No segundo dia de seu depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), o réu colaborador Ronnie Lessa fez declarações explosivas sobre a atuação da Polícia Civil, afirmando que a instituição opera com uma tabela de preços para o pagamento de propinas. A revelação foi feita em resposta ao promotor Olavo Evangelista Pezzotti, representante da Procuradoria-Geral da República (PGR), que solicitou detalhes sobre os valores envolvidos em esquemas ilícitos.
Denúncias sobre propinas e manipulação de investigações
Segundo Lessa, atividades ilícitas como contravenção, milícia e tráfico têm preços estipulados dentro da Polícia Civil, especialmente na Delegacia de Homicídios (DH).
Ele afirmou que desde a gestão de Rivaldo Barbosa, que teria transformado a DH em uma Divisão de Homicídios para aumentar o valor das propinas, esse esquema se intensificou.
“Quem tem dinheiro não vai preso”, disse Lessa, destacando que investigações são redirecionadas para proteger aqueles que podem pagar.
Lessa mencionou casos emblemáticos que não foram resolvidos, como as mortes de Marcos Falcon, Geraldo Pereira, Haylton Escafura, entre outros, sugerindo que esses crimes foram encobertos pela DH. Ele ainda acrescentou que, se houvesse uma intervenção na DH, o valor das propinas aumentaria ainda mais.
Resposta da Polícia Civil
Em resposta às acusações, a Secretaria de Estado de Polícia Civil (Sepol) emitiu uma nota negando as declarações de Lessa, afirmando que suas alegações carecem de credibilidade sem provas que as sustentem.
A Sepol destacou que Lessa, acusado de diversos crimes, incluindo o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, tem interesse em desqualificar o trabalho da Delegacia de Homicídios, que o prendeu.
A nota também mencionou que, no fim do ano passado, a atual gestão criou um grupo de trabalho no Departamento-Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa (DGHPP) para revisar inquéritos de homicídios não solucionados, reafirmando o compromisso da instituição em combater o crime e proteger a sociedade.
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Foto: reprodução/TV Globo