Tarifaço de Trump parou exportação de peixes aos EUA
58 contêineres frigoríficos carregados com cerca de mil toneladas de peixes estão parados em portos brasileiros

Da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 11/07/2025 às 06:55 | Atualizado em: 11/07/2025 às 06:55
Com o anúncio da tarifa de 50% aos produtos brasileiros pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, um total de 58 contêineres frigoríficos carregados com cerca de mil toneladas de peixes deixaram de embarcar em navios com destino aos Estados Unidos (EUA).
Dessa forma, a exportação parou. É o que confirmou à Folha de S.Apulo a Abipesca (Associação Brasileira das Indústrias de Pescados), que representa o setor dentro e fora do país.
Segundo a publicação, esses contêineres estão distribuídos por portos como Salvador (BA), Pecém (CE) e Suape (PE), aguardando a definição sobre o impacto das taxações nas importações brasileiras.
“A verdade é que o setor está desesperado, porque tudo parou nas exportações e isso vai se complicar ainda mais, se não houver uma solução urgente. A suspensão dos embarques partiu dos próprios compradores, porque ainda não sabem quanto pagarão pelos pescados”,
disse à Folha o presidente da Abipesca, Eduardo Lobo Naslavsky.
De acordo com Naslavsky, não houve um cancelamento dos pedidos, mas uma suspensão dos embarques, pelo fato de os importadores americanos não terem, neste momento, uma ideia clara de quanto, afinal, pagarão pelo produto. “A depender do valor, eles querem renegociar. Está colocado o impasse”, disse.
Nesse sentido, o tempo médio de transporte marítimo até os Estados Unidos é de 18 a 20 dias, o que inviabiliza novas remessas, já que os importadores não querem arcar com o novo custo tarifário.
A informação destaca que o setor pesqueiro brasileiro movimenta cerca de R$ 20 bilhões por ano, dos quais aproximadamente US$ 600 milhões estão ligados às exportações.
Assim, deste total exportado, entre 70% e 80% têm como destino os Estados Unidos, o que torna o país o principal mercado externo do Brasil, já que a União Europeia mantém grande parte de seu mercado fechado desde 2017, por questões sanitárias ligadas à rastreabilidade do pescado nacional.
“O mercado americano é prioridade máxima. O setor hoje clama para que o governo tenha cautela, que vá para a mesa falando de economia e de números, que tire a politização da discussão e que peça ao governo americano 90 dias de adequação, que é o tempo suficiente para que a gente consiga escoar pelo menos o que está dentro de casa e que a gente consiga desacelerar toda a máquina de exportação com calma, para que os prejuízos sejam mitigados”, disse Eduardo Lobo Naslavsky.
Além disso, a cadeia produtiva da exportação de pescados no Brasil gera 5.900 empregos diretos nas indústrias e cerca de 38 mil empregos indiretos, envolvendo pescadores artesanais e aquicultores familiares.
Segundo o executivo, não há condições de o mercado brasileiro absorver a produção que tem os EUA como destino, devido aos custos de produção já inseridos no processo.
“O preço vai ficar inexequível, porque é um produto inelástico. Se eu tenho um produto que eu preciso vender por 50 e ofereço ele por 25, eu posso até ter uma reação do mercado no primeiro momento, mas eu não vou ter reposição, porque isso não se sustenta”, comentou. “Não gera possibilidade de nova captura. A conta não fecha. O Brasil fica inviabilizado para as exportações.”
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Foto: Abipesca/divulgação