TCU cobra governo Bolsonaro sobre ações de proteĂ§Ă£o Ă  saĂºde indĂ­gena

O subprocurador geral do MinistĂ©rio PĂºblico de Contas, Paulo Bugarin, aponta para a "invisibilidade sanitĂ¡ria" dessas populações

TCU cobra governo Bolsonaro sobre ações de proteĂ§Ă£o Ă  saĂºde indĂ­gena

Publicado em: 22/06/2020 Ă s 10:14 | Atualizado em: 22/06/2020 Ă s 10:14

Diante do alto Ă­ndice de mortalidade entre crianças indĂ­genas, o Tribunal de Contas da UniĂ£o (TCU) determinou que o governo federal informe quais ações de saĂºde foram adotadas entre 2018 e 2020, principalmente agora, em tempos de pandemia.

Em uma representaĂ§Ă£o, movida neste mĂªs, o subprocurador geral do MinistĂ©rio PĂºblico de Contas, Paulo Bugarin, aponta para a “invisibilidade sanitĂ¡ria” dessas populações.

Ele diz que faltam estatĂ­sticas mais precisas na Ă¡rea de saĂºde, o que com a pandemia “pode ficar ainda pior”.

Por isso, o ministro relator Benjamin Zymler acolheu o pedido e autorizou uma sĂ©rie de diligĂªncias com foco nas aldeias.

O foco sĂ£o as localidades onde morrem mais crianças, como entre yanomamis e xavantes.

“As contaminações vieram pelas equipes de saĂºde. No inĂ­cio, as orientações sobre uso de mĂ¡scaras nĂ£o estavam sendo seguidas. NĂ£o vou mascarar as coisas. Eu, enquanto mulher, enquanto indĂ­gena, preciso falar disso. Vemos vĂ¡rios Ă­ndios morrendo contaminados. NĂ£o respeitaram nenhuma quarentena para entrar em aldeia indĂ­gena”, afirmou Ă  coluna da CNN Silvia Wayapi, ex-secretĂ¡ria de saĂºde indĂ­gena.

A atual gestĂ£o da Secretaria Especial de SaĂºde IndĂ­gena, Ă³rgĂ£o ligado ao MinistĂ©rio da SaĂºde, rebateu as afirmações da ex-secretĂ¡ria.

Hoje a unidade Ă© chefiada por Robson Santos.

Por meio da assessoria, o Ă³rgĂ£o respondeu que tem se esforçado no combate do coronavĂ­rus em aldeias e que nĂ£o Ă© verdade que profissionais da Ă¡rea tenham entrado contaminados em Ă¡reas indĂ­genas.

Afirma tambĂ©m que nĂ£o hĂ¡ subnotificaĂ§Ă£o nos dados.

Neste fim de semana, a secretaria fez entrega de equipamentos e medicamentos, em Atalaia do Norte, no Vale do Javari, onde também foi inaugurada uma ala hospitalar para o atendimento de índios.

 

Crianças morrem mais

 

A situaĂ§Ă£o, antes da Covid-19, jĂ¡ nĂ£o era fĂ¡cil.

Crianças indĂ­genas tĂªm duas vezes mais risco de morrerem antes de
completarem 1 ano de vida do que as outras crianças brasileiras, de acordo com dados oficiais.

Entre os motivos, a desnutriĂ§Ă£o tem grande relevĂ¢ncia.

De acordo com o MinistĂ©rio da SaĂºde, 65% dessas mortes sĂ£o decorrentes de doenças respiratĂ³rias, parasitĂ¡rias e nutricionais.

Alguns bebĂªs nĂ£o sobrevivem mais do que alguns dias, apĂ³s o nascimento.

Enquanto, o Ă­ndice de mortalidade infantil Ă© 12 mortos a cada mil nascidos na populaĂ§Ă£o em geral, nas comunidades indĂ­genas, esse indicador pode chegar a 49.

“Ainda que o Brasil tenha diminuĂ­do as taxas de mortalidade infantil indĂ­gena, os nĂºmeros ainda demonstram o abismo entre a realidade sanitĂ¡ria indĂ­gena infantil e realidade sanitĂ¡ria da populaĂ§Ă£o nĂ£o indĂ­gena”, afirma o subprocurador.

AlĂ©m do fornecimento de dados atualizados sobre o nĂºmero de mortes, hĂ¡ pedidos para o governo federal repassar informações sobre os contratos de compra de combustĂ­vel e locaĂ§Ă£o de carros e embarcações para saber se os custos com logĂ­stica sĂ£o compatĂ­veis com o resultado das ações – o que para o MinistĂ©rio PĂºblico estĂ¡ aquĂ©m do necessĂ¡rio.

 

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Foto: BNC Amazonas