O ex-funcionário da empresa de marketing digital Yacows , Hans River do Rio Nascimento ( na foto, à direita ), afirmou, nessa terça-feira (11), que fez disparos em massa para as campanhas de Fernando Haddad (PT) e Henrique Meirelles (MDB) em 2018.
As declarações foram dadas em depoimento à CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito ) das fake news surpreenderam os parlamentares petistas. Hans foi à CPI a convite do deputado Rui Falcão (PT-SP).
“Todos os partidos políticos contrataram a Yacows para fazer a situação de propaganda”, disse Hans River, em publicação no Poder360, negando, por outro lado, que tenha atuado nas campanhas de João Doria (PSDB) e de Jair Bolsonaro (então no PSL) para a disputa ao Governo do Estado de São Paulo e à Presidência da República, respectivamente.
O ex-funcionário disse que, ao seu ver, não foram disparadas mensagens falsas, apenas nome, número e zoneamento dos candidatos.
No depoimento, segundo acompanhou o Poder360, Hans River também detalhou o processo de operação da empresa, então sediada num prédio na esquina da Avenida Nove de Julho com a Rua Renato Paes de Barros, em São Paulo.
Ele relatou que cada funcionário tinha de 4 a 5 celulares. Os chips utilizados eram ligados a CPFs de pessoas idosas, nascidas de 1932 a 1953.
Nascimento chegou a afirmar que a lista de nomes era tão grande que algumas pessoas poderiam até estar mortas. Se confirmado, o fato configura crime.
Nas listas de contatos, havia números nacionais e até internacionais, estes obtidos em sites pagos.
Chips e CPFs
Nascimento disse que o número de chips por operadora variava: de acordo com a testemunha, a Tim aceitava de 4 a 5 por CPF; a Claro e a Vivo, 3 ou 4; e a Oi, 3.
Todavia, Nascimento não soube precisar a quantidade de funcionários —estimou em 500 para cada 1 dos 3 turnos de trabalho— ou de chips utilizados.
Quando perguntado se os funcionários tinham consciência da gravidade de disparar mensagens em massa, respondeu que, na verdade, estavam preocupados em ganhar 1 bom salário para sustentar a família.
Disse que diversos funcionários faziam hora-extra por causa da promessa de pagamento mais alto —o dobro pela hora.
As informações da testemunha contradizem reportagem publicada em dezembro de 2018 pelo jornal Folha de S.Paulo .
O texto dava conta de que informações supostamente fornecidas por Hans River comprovariam o esquema de fraude – algo negado pelo ex-funcionário da agência.
Assédio de jornalista
Hans River também declarou que Patrícia Campos Mello , jornalista que assina o texto, “se insinuou” e que pretendia “sair” com ele.
“Ela [Patrícia] queria sair comigo e eu não dei interesse para ela. Ela parou na porta da minha casa e se insinuou para entrar, com o propósito de pegar a matéria”, relatou.
Patrícia rebateu o depoimento no Twitter. Publicou em seu perfil na rede social link para outra reportagem que mostra mensagens trocadas entre ela e Hans.
No post, ela diz que o texto mostra “todas as mentiras da testemunha da CPMI, com áudio, foto, print screens e planilha”.
Acusação de racismo
No início da sessão da CPMI das fake news , houve discussão entre os congressistas, muitos visivelmente exaltados.
O PSL gostaria que a oitiva fosse aberta à imprensa, enquanto o PT queria que a sessão fosse fechada.
Hans River acusou o deputado Rui Falcão (PT-SP) de racismo por tê-lo chamado de favelado e periférico. O deputado negou ter feito as declarações.
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Foto: Jane de Araújo/Agência Senado