A principal testemunha de defesa do padre José Amaro Lopes de Sousa, considerado o sucessor da missionária Dorothy Stang, foi assassinada na noite da última quarta-feira, dia 4. A informação foi confirmada pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), em comunicado divulgado na sexta-feira, 6.
Representantes da CPT relataram que a vítima, Márcio Rodrigues dos Reis, 33, já havia sido ameaçada de morte e foi alvo de uma emboscada.
Em nota, a comissão contou que ele trabalhava como mototaxista e recebeu um chamado para transportar um passageiro em uma estrada que liga os municípios paraenses de Anapu e Pacajá.
Antes de chegar ao destino indicado, o passageiro o atacou com um golpe de faca. O corpo foi localizado por pessoas que transitavam pelo local e acionaram a polícia.
“Em liberdade, mas ameaçado de morte, Reis foi aconselhado a sair de Anapu. Passou então quase um ano residindo fora do município, mas, devido às relações familiares construídas em Anapu e para manter sua profissão de mototaxista, decidiu retornar alguns meses atrás. Achava que não corria mais risco. Mas acabou sendo assassinado”, escreveram representantes da CPT.
Para a comissão, a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup) deveria conduzir a apuração do assassinato.
Leia mais
Inquéritos infrutíferos
“Com o assassinato de Márcio, completam 15 assassinatos de trabalhadores ocorridos em Anapu, desde o ano de 2015. Após intensa pressão, a Polícia Civil de Anapu instaurou inquéritos para apurar os 14 homicídios até então ocorridos. Até o início de 2019, apenas dois casos tinham resultado em uma ação penal, e em outros três houve apenas indiciamento de algum acusado. Nos nove restantes, os inquéritos sequer foram concluídos. Em todos eles, apenas um caso teve mandante identificado e preso”, disse a CPT.
A Polícia Civil informou, no final da tarde de sexta, que um inquérito foi instaurado logo após o crime.
A delegacia de Pacajá (PA), com o apoio do núcleo de inteligência da corporação, apuram o caso.
Caso
De acordo com a pastoral, Sousa era um dos integrantes de um acampamento de sem-terra que ocupou uma área disputada com Silvério Albano Fernandes, um fazendeiro da região.
Na versão da CPT, Fernandes apontava o religioso como liderança do grupo.
A propriedade em questão é objeto de um processo que tramita, atualmente, no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), em Brasília.
O padre Sousa chegou a ser preso acusado de esbulho (quando alguém toma algo de outra pessoa à força) e posse de arma.
Ele foi absolvido do crime em setembro de 2018, mas considerado culpado por porte de arma.
Fonte: Agência Brasil
Foto: reprodução Carta Capital
Leia mais