Reportagem levada ao ar na noite desta segunda-feira, dia 23, pelo programa “Repórter Record Investigação”, da TV Record, revelou a situação degradante a que estão submetidas crianças do Amazonas nas carvoarias que fabricam o carvão vegetal vendido em Manaus.
A reportagem feita na região na AM-10, estrada que liga a capital a municípios como Itacoatiara e Rio Preto da Eva, acompanhou do corte da árvore até a utilização do carvão na venda de churrasquinho nas ruas da capital amazonense, passando pela situação degradante a que são expostas crianças e adolescentes nas carvoarias.
No meio dessa cadeia produtiva, mostrou também homens, que na luta por uma renda de miséria se brutalizam para tentar vencer a dor e a humilhação do esforço que fazem, e crianças, que trocam a escola pela poeira da fornalha.
Fiscalização cega
O programa também revela que esse pedaço da floresta transformado em carvão só consegue chegar a Manaus, sem licenciamento, porque policiais militares que poderiam barrar mercadoria e o transporte ilegal negociam a liberação da carga na estrada, por propina de até R$ 50.
A reportagem critica a atuação do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e do Recursos Naturais Renováveis (Ibama), pela destruição da floresta nesta parte da Amazônia sem que esses órgãos de fiscalização do estado e da União se incomodem.
Transporte escolar, vergonha do Rio Preto
Outra situação humilhante mostrada pelo programa foi o transporte escolar no município de Rio Preto da Eva, que costuma pagar todos os anos milhões de reais a cantores nacionais para animar as festas do prefeito Anderson Souza (Pros), mas não investe para melhorar o acesso dos estudantes à educação.
Nesse item, a reportagem encontrou crianças literalmente enfornadas respirando poeira de carvão durante três semanas, porque estavam sem ir à escola por causa do transporte escolar, que não funcionava no período.
O programa foi ao local e encontrou os ônibus escolares parados e entrou nos veículos para mostrar o quanto precário é o transporte escolar do município e o quanto é arriscado embarcar nessa viagem às escolas.
Os ônibus estão carcomidos pelo tempo e as poltronas soltas, expondo os alunos a riscos e aventuras.
Preservação x sobrevivência
A reportagem começa com um diálogo do repórter com um personagem nas carvoarias, no conflito entre preservação e sobrevivência.
Isso porque o programa inicia perguntando, com o barulho da motosserra ao fundo, se aquilo que ele fazia (cortar madeira) não era crime, no que o personagem retruca: “Crime mesmo é ver meus filhos sem comer”.
O Repórter Record Investigação também mostrou a situação degradante a que estão submetidas crianças do interior do Acre, que trabalham com mandioca.
Assista ao programa completo acessando o site da Record .
Foto: Reprodução/TV Record