Estudo mostra como violĂªncia e crimes reduzem PIB de Manaus
Um estudo da USP revela que a atuaĂ§Ă£o da FamĂlia do Norte em Manaus resultou em uma reduĂ§Ă£o de 24,9% no PIB per capita da cidade entre 1999 e 2020, com consequĂªncias econĂ´micas negativas causadas pela violĂªncia no Brasil.

Publicado em: 06/09/2023 Ă s 14:17 | Atualizado em: 06/09/2023 Ă s 14:17
Segundo o AnuĂ¡rio Brasileiro de Segurança PĂºblica, o Brasil registrou 47,5 mil mortes violentas intencionais (MVIs) em 2021, tornando-se o oitavo paĂs mais letal do mundo naquele ano.
As altas taxas de violĂªncia estĂ£o concentradas principalmente nas regiões Norte e Nordeste, afetadas pela atuaĂ§Ă£o de facções criminosas e trĂ¡fico de drogas. No entanto, os impactos dessa violĂªncia vĂ£o alĂ©m da segurança da populaĂ§Ă£o e afetam a economia.
Pesquisadores da Faculdade de Economia, AdministraĂ§Ă£o, Contabilidade e AtuĂ¡ria (FEA) da USP analisaram o efeito das ações da organizaĂ§Ă£o criminosa FamĂlia do Norte (FDN) no Produto Interno Bruto (PIB) per capita de Manaus (AM).
A pesquisa revelou uma reduĂ§Ă£o cumulativa de 24,9% no PIB per capita devido Ă atuaĂ§Ă£o da FDN entre 1999 e 2020, resultando em uma perda mĂ©dia anual de 2%.
O mĂ©todo de controle sintĂ©tico foi utilizado, criando uma cidade fictĂcia sem a facĂ§Ă£o criminosa para comparaĂ§Ă£o com Manaus e quantificaĂ§Ă£o do impacto da FDN. O resultado demonstrou que, atĂ© 2007, o PIB per capita da cidade fictĂcia e de Manaus eram semelhantes, mas a partir dessa data, houve uma divergĂªncia devido Ă s consequĂªncias negativas da facĂ§Ă£o.
Os motivos para a reduĂ§Ă£o incluem a insegurança polĂtica e social, o redirecionamento de recursos pĂºblicos para o combate ao crime, a diminuiĂ§Ă£o da produtividade dos funcionĂ¡rios, o impacto no comĂ©rcio e a mĂ¡ alocaĂ§Ă£o de recursos. Essa situaĂ§Ă£o tambĂ©m afasta potenciais investimentos privados em busca de segurança e estabilidade.
Leia mais
Manaus se mantém no topo das capitais mais violentas
AlĂ©m de ser responsĂ¡vel pelos altos Ăndices de violĂªncia em Manaus, a FDN prejudica o desenvolvimento econĂ´mico da cidade. Desde sua criaĂ§Ă£o em 2007, a taxa de homicĂdios por mil habitantes aumentou significativamente, tornando Manaus uma das cidades mais violentas do mundo em 2016.
A regiĂ£o de Manaus Ă© estratĂ©gica para o trĂ¡fico de drogas na AmĂ©rica do Sul, e a FDN intensificou o crime na Ă¡rea. O grupo passou a dominar o trĂ¡fico e o sistema prisional da regiĂ£o Norte, com um nĂºmero estimado de 200 mil membros em 2017. Em 2019, a facĂ§Ă£o foi considerada extinta apĂ³s conflitos internos.
Embora tenha havido uma reduĂ§Ă£o nas mortes violentas em 2022, o Brasil permanece entre os paĂses mais violentos do mundo, destacando a influĂªncia do crime organizado na sociedade.
A falta de pesquisas sobre os impactos econĂ´micos da criminalidade Ă© uma preocupaĂ§Ă£o, e os pesquisadores buscam compreender melhor como o crime organizado afeta a economia e a sociedade.
A professora da FEA, Paula Pereda, estĂ¡ investigando os motivos por trĂ¡s do impacto da FDN nos indicadores econĂ´micos e sociais de Manaus, buscando uma compreensĂ£o mais aprofundada da situaĂ§Ă£o da cidade.
A ascensĂ£o do grupo tem prejudicado a atividade econĂ´mica formal da regiĂ£o, levando Ă saĂda de empresas e Ă reduĂ§Ă£o das matrĂculas escolares, indicando menos incentivos para o crescimento da cidade.
Leia mais no Segundo a Segundo
Foto: reproduĂ§Ă£o