Com a iminente repetição de uma grande seca na Bacia Amazônica, indústrias na Zona Franca de Manaus (ZFM), operadores logísticos e governos estão em alerta para mitigar os impactos sobre o transporte de insumos e escoamento de produção.
Com os rios apresentando níveis críticos desde o ano passado e previsões de chuvas escassas nos próximos meses, a antecipação de pedidos e envios tornou-se uma estratégia essencial para a indústria. Operadores de terminais de contêineres também têm investido em infraestrutura, como cais flutuantes, para manter as operações durante a estiagem.
No ano anterior (2023), a seca extrema causou a interrupção de navegação por até 45 dias, resultando em um prejuízo estimado de R$ 1,4 bilhão para a indústria do Amazonas.
Além disso, comunidades ribeirinhas ficaram isoladas, o custo do frete aumentou significativamente e a falta de suprimentos agravou a inflação em Manaus, levando à fome em áreas mais remotas.
Com o objetivo de evitar uma nova crise, medidas preventivas foram adotadas, como o aumento em 10% dos embarques de cabotagem no primeiro semestre de 2024, em comparação com o mesmo período de 2023.
Entretanto, a indústria enfrenta desafios logísticos contínuos, especialmente com a aproximação do Natal e da Black Friday.
O presidente executivo da Eletros, Jorge Nascimento, destaca que, apesar da antecipação da produção, a continuidade dos serviços depende da elevação dos níveis dos rios até outubro ou novembro.
A solução definitiva para a navegação nos rios amazônicos ainda é uma incógnita.
Enquanto se aguardam obras de dragagem, alternativas como o transporte por balsas estão sendo exploradas.
O terminal Tecon Vila do Conde, no Pará, viu as operações de transporte via “rô-rô caboclo” triplicarem na seca do ano passado, impulsionando a movimentação de carga.
No entanto, a dragagem e a melhoria dos acessos terrestres a Manaus, como a reforma da BR-319, são vistas como essenciais para garantir a logística a longo prazo.
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A construção de hidrovias também é crucial para o escoamento das exportações de grãos no “arco norte”.
Apesar do impacto da seca recorde de 2023, que reduziu a participação dessa rota no transporte de grãos, a logística permanece estratégica para o agronegócio, especialmente para produtores do Mato Grosso.
Em suma, a combinação de antecipação de produção, investimentos em infraestrutura e a necessidade de soluções definitivas em engenharia são os pilares das estratégias atuais para enfrentar as secas severas na Bacia Amazônica.
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Foto: Ronaldo Siqueira/Especial para o BNC Amazonas