Neuton Corrêa
Pedro, recortei essa foto pra escrever sobre você, que nem cheguei a conhecer direito.
Das vezes que fui à sua casa, na primeira, você saiu correndo, curioso e latindo pra perguntar quem era.
Da penúltima, você estava, à vontade, espreguiçando, e nos observando e, certamente, torcendo pra gente não se demorar ali, para você seguir sua soneca de começo de tarde. Isso não faz um mês, gordão.
Da última, neste fim de semana, não tive tempo de lhe visitar. Mas foi justamente no dia que estive na ilha que você fez sua passagem.
O Hudson Lima, seu vizinho, acaba de me contar que você foi um grande vaqueiro das fazendas do Castanhal, antiga zona rural de Parintins.
Ele me conta também as condições de saúde, difíceis, que sensibilizaram sua, então futura família, e lhe tomar como filho.
Eles, os pais, nunca me falaram sobre isso. Mas superar o avançado tumor que você superou foi uma batalha honrosa pela vida.
Fiquei muito triste. Triste por você, Pedro, pelo Márcio e pela Denize.
Hoje que conheci sua história, contatada pelo Márcio em homenagem a você.
Seus pais lhe amavam muito. Imagino o quanto estão sofrendo. Tenho passado por isso, porque tenho uma família grande e vira e mexe lá se vai um e sua história. Cada um tem sua história.
Márcio, Denize, você fizeram o que puderam. O Pedro sabe disso também.
Descanse na paz dos inocentes, Pedro.
Homenagem de um pai
NOSSO PEDRO SAIU PRA TIRAR UMA VERRUGA E AGORA ESTÁ MORTO
Márcio Costa
Pedro foi adotado por nós após ser diagnosticado com câncer no final de 2021. Passou quatro meses bem tratado na Ong Patinhas Unidas. Antes disso, aparecia em casa vez em quando pra comer, desde 2019. Começou a demorar um pouco mais a cada visita. Depois construimos uma cerca. Pedro foi ficando e ficando. Ele tinha família lá do Castanhal, mas toda vez que reaparecia, tinha marcas de corda no pescoço e muita fome. Mas sempre que queria sair, deixávamos. Quando resolvemos adota-lo conversamos com sua antiga família.
Pedro era amado e extremamente inteligente. Robusto e bravo, nunca rosnou ou ensaiou alguma violência contra nossos gatinhos e Isabelle, nossa cachorrinha de oito anos de idade. Sabia que eles “eram da casa” e que poderia estragar seus planos de conviver conosco. Ele virou Filho também. Guardava a casa. Não deixava ninguém tocar na cerca. Mas quando dizíamos “Para Pedro!”, ele deixava entrar em casa e já fazia amizade. Cruzava as patas elegantemente após as alimentações. Deixou muitas marcas em nossas vidas e na varanda que hoje está vazia e ao mesmo tempo lotada de lembranças. A varanda nesta manhã deste sábado parece ter mais um quilômetro.
Mas vamos ao que precisa interessar a vocês. Como disse no começo, Pedro saiu pra fazer uma simples cirurgia para retirar uma verruga. Buscamos um profissional veterinário “diferente”, na medida que os outros dois primeiros que sempre usamos, estavam ocupados e inacessíveis. Confiamos com a garantia que tivemos de que seria apenas rápida cirugia. Hoje eu e Denise Albuquerque além de revoltados e inconsoláveis, estamos até certo ponto, nos sentindo culpados.
Pedro saiu às 10h de quinta, voltou as 16h. O veterinário em questão me disse que ele tomou uma dose de anestesia bem acima da indicada ao peso dele por não ter tido efeito a dose habitual. Chegou em casa ainda grogue. Até então, tudo normal após cirurgias. Mas o Pedro começou a ficar inchado. Não queria comer, mas tomou água. Começou a gemer, a vomitar. Relatei ao veterinário. Depois começou a andar ofegante pela casa e quintal, ficou gelado e nós acompanhando sua agonia. Falei novamente com veterinário pedindo ajuda. Nesse vai e vem o Pedro morreu de madrugada. Nosso Pedro saiu de casa sorridente, sadio e agora está morto. É o que nos enche de perguntas.
Peço a vocês, antes de fechar qualquer negócio, tenham a GARANTIA e a EXIGÊNCIA de ajuda nos pós operatório. Isso teria sido fundamental para que o Pedro estivesse conosco agora. Se acontecer alguma alteração mesmo que seja em uma cirurgia Simples, penso ser necessário maior tempo de recuperação na clínica. É pela vida do seu bichinho.
Exponho isso, ATÉ CERTO PONTO, para evitar que passem pelo que estamos passando.