Wilson Nogueira [Texto e fotos]
A Editora Valer (Manaus/AM) publicou, no ano passado, cerca de 50 obras entre inéditas ou reedições. Livros que, em sua maioria, envolvem política, economia, artes e filosofia na Amazônia.
Para este ano, a empresa almeja superar a produção do ano passado, que alcançou uma média de quatro livros a cada mês. Em fevereiro estará lançando 20 novas obras, 10 em março e mais outras ao longo do ano.
Nessa lista estão livros inéditos e reedições de clássicos regionais, como A invenção da Amazônia , de Neide Gondim; Manaus: história e arquitetura(1669-1915), de Otoni Mesquita e Clube da Madrugada , de Tenório Telles.
O editor Isaac Maciel disse que esse desempenho “é um ato de resistência em um cenário em que até grandes editoras e redes multinacionais de livrarias tradicionais já fecharam ou anunciaram o fechamento de suas portas”. Mas, é importante salientar, segundo ele, que o livro, seja ele físico ou digital, sempre será um meio de articular informação e conhecimento.
Assim, a tendência do mercado do livro é diversificar suas plataformas de leitura, em razão das novas gerações de leitores. “Os mercados se redimensionarão em nichos e haverá espaço para todos”, acredita o empresário.
Desde a sua fundação, há vinte anos, a Valer já editou mais 1500 obras, em sua maioria relacionadas à Amazônia.
Isaac orgulha-se de ter, em parceria com diversos escritores, colaborado com resgate de obras importantes para a história e literatura da região; obras que estavam há muitos anos esquecidas.
São os casos de Simá: romance histórico do alto Amazonas , de Lourenço Amazonas, o primeiro romance escrito no Amazonas, cuja temática de um carácter brasileiro se antecipa à de José de Alencar em Iracema e Poranduba amazonense, de João Barbosa Rodrigues, uma coletânea de lendas e mitos indígenas, considerada pela escritora Leila Leon Martins comoAs mil e uma noites da Amazônia.
São anos de muita garimpagem em bibliotecas particulares e públicas de todo o Brasil para fazermos circular esses livros que estavam adormecidos”, explica Telles, um dos mais efetivos colaboradores da editora.
Há livros que ganharam reedição com pouco tempo nas gôndolas, levando-se em consideração o mercado regional, entre eles, estão Para aquém ou além de nós , da filósofa Neiza Teixeira, uma das coordenadoras editoriais da Valer, e Ana Bolena , da jovem escritora amazonense Bruna Chíxaro, uma biografia rejuvenescida e instigante da segunda esposa do rei da Inglaterra Henrique 8º.
Destacam-se também obras esgotadas há algum tempo, como História Econômica da Amazônia: 1800 a 1920 , do pesquisador Roberto Santos, livro recomentado nos cursos e pós-graduações de economia em todo o país, E Deus chorou sobre o rio , de Beth Aziz, uma biografia familiar que resgata aspectos do cotidiano dos migrantes libaneses no Amazonas, e Amazonas e sua História, de Anísio Jobim.
No bloco de obras inéditas, destaca-se Zona Franca: ame-a ou deixe-a em nome da floresta , da jornalista Thaís Brianezi, uma adaptação da sua tese de doutoramento em Ciência do Ambiente, na USP.
Maciel reconhece: “Se o momento não é favorável às grandes companhias do setor, não seria diferente para as pequenas e médias, e principalmente para aquelas que estão em regiões de mercado restrito”. O editor entende, todavia, que as crises exigem sacrifício, ousadia e criatividade para superar os desafios.
Por isso, a Valer está, já há algum tempo, se reestruturando para conquistar novos mercados por meio de parcerias com distribuidoras e, também, aquisição tecnológica. “Creio que o livro físico permanecerá como negócio, porém, com outras características, as quais estão em testes ou ainda iremos descobri-las”, acentuou.