Boi Manaus termina com parabéns à capital e autodeclaração de “cidade indígena”

Prefeito de Manaus pediu "perdão" pelos séculos de esquecimento dos povos que primeiro habitaram o lugar onde surgiu a capital amazonense

Última noite do Boi Manaus 2022

Arnoldo Santos, especial para o BNC Amazonas

Publicado em: 24/10/2022 às 15:17 | Atualizado em: 24/10/2022 às 15:17

A edição de 2022 do Boi Manaus terminou na madrugada desta segunda-feira (24), já no dia em que a capital amazonense completa 353 anos de fundação. Uma grande queima de fogos marcou a chegada do dia 24 de outubro.

Momento especial da noite preparado pela ManausCult, organizadora do evento, e que teve também discurso de autoridades e o canto de parabéns.

Pouco antes da meia-noite, na presença da indígena Ira Tikuna, representando os povos originários, o prefeito de Manaus David Almeida lembrou da criação do cemitério indígena, a construção da Unidade Básica de Saúde Indígena e a recuperação do Paço da Liberdade que, segundo historiadores, era um antigo cemitério das tribos que habitaram a região de Manaus.

O prefeito ressaltou o esquecimento da cultura nativa, em séculos de história apagada da memória do povo amazonense.

“Eu quero pedir perdão aos povos indígenas pela falta de reconhecimento, pela falta de atenção nesses 353 anos em que todos ficaram de costas”, discursou David Almeida.

Imagens TV Acrítica

Autodeclaração

A homenagem aos povos indígenas foi especialmente direcionada aos Manaó, Baré e Tarumã, etnias que viveram na área onde apareceria a então São João da Barra do Rio Negro, hoje, a cidade de Manaus.

Uma música especialmente composta para a data, assinada por Márcia Siqueira, Márcia Novo e Ira Tikuna, homenageou os primeiros habitantes dessas terras.

A música é uma autodeclaração da origem da população manauara. Manaus foi declarada “cidade indígena”pelas três artistas.

Em seguida, Prince do Caprichoso e Carlinhos do Boi puxaram os parabéns à Manaus, debaixo de uma salva de fogos que iluminou o céu na área do sambódromo.

Prince do Caprichoso e Carlinhos do Boi

Terceira Noite

Foi a terceira e mais concorrida das três. Seguindo quase uma tradição, nesses 25 anos de Boi Manau, o público foi aumentado a cada noite e, no domingo, tomou toda a passarela do sambódromo inclusive subindo para as arquibancadas.

Muita gente com adornos na cabeça, camisas temáticas dos bois-bumbás de Parintins e Manaus e, claro, milhares de tururis que foram vendidos para a renda ser revertida em pagamento dos artistas.

Noite tranquila em que, mais uma vez, três trios, batizados de bois-elétricos, se revezaram. Ontem, a programação começou com um bloco só de parintinenses.

O grupo Toada de Roda, acompanhado do ex-amo do boi Caprichoso, Rei Azevedo, abriram a noite com as composições antológicas do Festival Folclórico.

Em seguida, vieram Curumins da Baixa com Robson Jr e, na vez, o trio das “Marcias”. Talento duplicado com Márcia Siqueira e Márcia Novo. Aí, vieram Klinger Jr. E Fabiano Neves. A dupla de agitadores de pista Prince do Caprichoso e Carlinhos do Boi chegaram pouco antes da meia-noite.

E já nos primeiros minutos da segunda-feira, Sebastião Júnior e Leonardo Castelo fizeram o show de vozes encarnadas acompanhadas da batida inconfundível da Batucada.

Sebastião Jr, Batucada e Leonardo Castelo

O penúltimo trio da noite era só de contrários, com Arlindo Neto e Edmundo Oran fizeram as bandeiras azuis e brancas do sambódromo serem agitadas como se fosse em Parintins.

Arlindo Neto e Edmundo Oran

E na última rodada, o Boi Garanhão de Manaus e Patrick Monteiro fechou a maratona de shows do Boi Manaus 2022, que completou 24 horas de música.

Foto destaque: Antônio Pereira/Secom

Fotos internas: Ronaldo Siqueira/ Especial para o BNC