Com a temática da noite “Identidade e Resistência”, o Boi Garantido mesmo diante de problemas técnicos de sonorização enfrentados por Israel Paulain e Sebastião Júnior, emocionou a torcida vermelha e branca durante a entrada do boi na arena e a encenação ao tributo à consciência negra.
O bumbá abriu o espetáculo com a celebração folclórica, “Auto da Resistência Cultural”, que remontou a chegada do colonizador ao Brasil e celebra a resistência cultural das etnias que compuseram a formação do povo brasileiro, em especial de líderes como o cacique indígena Ajuricaba e o seringueiro Chico Mendes e Zumbi que deram suas vidas em defesa dos povos, além de Lindolfo Monteverde, criador do Garantido, que lutou contra todos os preconceitos de sua época até fazer de seu boi um instrumentos de resistência popular.
Logo depois, entrou em cena, a lenda amazônica “Ajuricaba, História e Resistência”, seguida da celebração indígena “Tributo a Pindorama”. De acordo com a Comissão de Artes, nestes três primeiros atos, o Garantido prestou um tributo a todos aqueles que no passado lutaram pelo direito a terra que sempre lhes pertenceu.
Base estrutural das artes plásticas, o caboclo artesão, geralmente autodidata, é herança da contribuição indígena, negra e dos colonizadores, que trouxeram a arte através dos jesuítas, carmelitas e mercedários, que fundaram missões religiosas na Amazônia. Esta contextualização foi evidenciada na figura típica regional, “O Caboclo Artesão”, alegoria do artistas Juciê Santos.
O ápice da apresentação ficou por conta do Tributo à Consciência Negra, alegoria do artista Iran Martins e toada de Paulinho DÚ Sagrado. O cenário tematiza as inúmeras etnias foram arrancadas da Mãe África, passando pela escravidão, as lutas contra o preconceito até os dias de hoje. O momento também serviu de representação do item Toada, Letra e Música, “Consciência Negra”, que teve a coreografia assinada pelo carioca Patrick Carvalho. Durante a teatralização, o fotógrafo do BCN Amazonas, Alex Fidelis, flagrou um dos jurados bastante emocionadp com a cena.
Foto: Alex Fideles
Por fim, o ritual indígena “O Sonho de Kanipaye-Ro”, fechou a noite com chave de ouro. O ritual de transcendência espiritual do pajé realizado pelos Araweté, que acreditam em ações sobrenaturais impostas pelos “deuses canibais”. Durante a encenação os Arawetés recorrem ao sonho para serem devorados pelo deus canibal perfeito, o Sol, que habita o céu vermelho. O pajé André Nascimento durante a evolução da alegoria surgiu aplacando a fúria de um monstro das águas, um show a parte, assim como, a exibição da cunhã poranga, Isabelle Nogueira, ovacionada pela nação vermelha e branca.