O vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL), disse que qualquer ato de violência contra o Congresso e ao Supremo Tribunal Federal (STF) com a participação do presidente Jair Bolsonaro pode resultar na abertura de um processo de impeachment.
Em discurso aos seus apoiadores na Avenida Paulista, nesta terça-feira (7), Bolsonaro subiu o tom contra o ministro do STF Alexandre de Moraes e disse que não vai cumprir decisões tomadas pelo ministro.
“Dizer a vocês, que qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes, esse presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou, ele tem tempo ainda de pedir o seu boné e ir cuidar da sua vida. Ele, para nós, não existe mais”, discursou Bolsonaro.
Ou seja, Bolsonaro deixou claro que não vai cumprir decisão do Supremo. E mandou dizer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que a eleição só é válida se for contado voto por voto, proposta já rejeitada na Câmara.
O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) advertiu: “A lei 1079 define os crimes de responsabilidade do Presidente da República. No seu art 4º, VIII, fala exatamente do não cumprimento de decisões judiciais. A pena é perda do cargo (impeachment) e dos direitos políticos por até 5 anos.”
“Não tenho dúvidas de que qualquer ato de violência contra o Congresso ou o STF em ato que teve a participação do presidente da República tornará inevitável a abertura do processo de impeachment”, diz o deputado amazonense, a quem caberia abrir o processo contra o presidente na ausência do presidente da casa, Arthur Lira (Progressistas-AL).
Ramos também criticou a postura do presidente diante dos reais problemas do país.
“Pronto. Já teve o show, agora vamos voltar pro que interessa. Presidente, o que o senhor tem a dizer sobre 14,8 milhões de desempregados, 19 milhões com fome, gás acima de 100 reais, gasolina acima de 7, juros de dois dígitos e PIBinho?”, escreveu no Twitter.
O deputado federal José Ricardo (PT) também foi outro a usar as redes sociais para protestar contra os atos pró-Bolsonaro.
“Interessante como tem gente satisfeita com gasolina a 6 reais, botijão de gás a mais de 100 reais, com energia caríssima, com desemprego alto e a volta da fome, e ainda apoiando o Bolsonaro. Apoiar essa situação e usar camisa verde amarelo é ser patriota? Brasil quer mudanças”, lamentou o deputado.
Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados