Parlamentares da bancada do Amazonas no Congresso reagiram ao duro ataque desferido pela Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil (Afebras ) contra o modelo Zona Franca de Manaus.
Num manifesto por conta do Dia da Independência, comemorado nesta terça-feira (7), a entidade diz que com o “passar dos anos” houve desvirtuação do modelo, que “hoje se transformou em uma fábrica de créditos de impostos.”
As empresas que produzem concentrados para refrigerantes no Amazonas são chamadas de sanguessugas estatais, beneficiadas pela “desigualdade mercadológica no setor de bebidas”.
Em nota, o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Antônio Silva, destacou o papel do modelo para toda a indústria nacional de refrigerantes, incluindo as próprias associadas da Afebras.
De acordo com o empresário, os incentivos fiscais constitucionalmente garantidos para as empresas instaladas no Polo Industrial de Manaus (PIM) são vitais para a sobrevivência, não só do setor de bebidas local, mas de todo o segmento de refrigerantes do país.
“As indústrias locais fornecem mais de 90% de todo o concentrado vendido para as centenas de pequenas, médias e grandes indústrias de bebidas espalhadas pelo Brasil”, disse Silva, para quem o manifesto da Associação é “intempestivo e despropositado.”
Repercussão
O senador Plínio Valério (PSDB) afirmou que Antônio Silva tem razão. “Esses ataques à Zona Franca são todos feitos pelo desconhecimento, de ouvir falar”, reagiu.
Para o senador, a Afebras não se conforma com o lucro obtido pelas empresas locais com um modelo de produção usando alta tecnologia.
Ele diz também que os subsídios para o setor de concentrados são compensados com arrecadação de imposto da Receita Federal, geração de emprego e preservação da floresta. “Tudo desconhecimento que beira o preconceito”, concluiu.
O vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL) disse ser lamentável uma associação que representa um setor sério da economia faça um ataque a um projeto de desenvolvimento regional mais exitoso do país.
Destacou ainda os mais de 100 mil empregos gerados pelas indústrias locais, a manutenção no Amazonas de uma economia com equilíbrio fiscal e a preservação da floresta.
“Um ataque sórdido contra um modelo por conta de disputas comerciais que deveriam ser enfrentadas com melhorias na sua eficiência e não com ataque ao modelo que é importante para o país”, disse Ramos.
“A Afebras insiste em uma tese já combatida e vencida, desde muito, no Congresso Nacional e no STF (Supremo Tribunal Federal), quando chama de incentivos fiscais aquilo que é um projeto de desenvolvimento regional constante no texto da Constituição Brasileira de 1988”, afirmou o deputado federal Bosco Saraiva (Solidariedade)
“Não devemos dar atenção aos esperneios de grupos que fazem de conta não perceber a importância da Zona Franca de Manaus, para a preservação da floresta amazônica e do equilíbrio ambiental planetário”, completou.
Já o deputado federal Sidney Leite (PSD) desclassificou a Afebras. “Esse comportamento a gente poderia dizer que não é de uma indústria de produção de refrigerante. É um segmento de produção de tubaína e eles com certeza desconhecem a realidade”, criticou.
O deputado diz que a entidade quer imprimir uma competição contra um modelo exitoso. “Tanto que, com a crise e a recessão, nós estamos tendo faturamento recorde. E o polo de concentrados produz para quase toda a indústria nacional”, explicou.
Leite destacou que mais de 90% dos concentrados produzidos no Amazonas são utilizados pela indústria de bebida em todo o país.
O deputado lembrou ainda que indústrias do Sudeste, onde estão localizados os associados da Afebras, produzem no Amazonas. Sobre os incentivos, o deputado diz que são para garantir competitividade e superar dificuldades logísticas.
Leia mais
Foto: Divulgação/Agência Senado