Verbas públicas foram usadas para o “tratoraço”, que viabilizou a construção da base de apoio ao presidente Jair Boslonaro (sem partido) no Congresso.
Conforme investigação do Estadão, pelo menos 30 parlamentares destinaram recursos para compra de tratores e máquinas agrícolas. Mas, sob suspeita de superfaturamento.
Os nomes dos deputados e senadores por trás das emendas do “tratoraço” vinham sendo mantidos em sigilo. Isso graças a um acordo do Executivo com lideranças do Congresso. Como veicula o Uol.
O Estadão fez o levantamento com base em planilha interna do Ministério do Desenvolvimento Regional e um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU).
Com isso, rastreou, porém, os nomes de políticos que enviaram verbas federais para compras sob suspeita de sobrepreço.
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Parlamentares
Por exemplo, no grupo de 30 parlamentares identificados estão o líder do PSL na Câmara, deputado Vitor Hugo (GO).
Além dele, o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), ex-presidente do Congresso.
Assim como o relator-geral do Orçamento de 2020, deputado Domingos Neto (PSD-CE).
A planilha mostra que todos solicitaram repasses para prefeituras, aprovados em dezembro passado, com recursos de emendas do relator-geral, artifício do orçamento secreto.
Como resultado, o ministério celebrou 74 convênios classificados pela CGU, em relatório de auditoria recentemente divulgado, como tendo “risco alto ou extremo” de sobrepreço.
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Cruzamento de dados
Dessa forma, o Estadão chegou à lista dos 30 nomes cruzando dados da planilha e do relatório.
Contudo, a autoria continua sigilosa até para órgãos de controle e fiscalização.
A não ser que haja um vazamento de informação, a sociedade não tem como saber quem impôs ao governo uma determinada compra com recursos do orçamento secreto.
Dessa forma, o anonimato garante que parlamentares não sejam associados a eventuais casos de corrupção no uso dessas verbas.
De acordo com a investigação, os valores a mais identificados nos convênios ligados a esses políticos passam de R$ 6 milhões.
Em suma, trata-se, porém, de apenas um pedaço dos R$ 142 milhões em sobrepreços identificados pela CGU em licitações e convênios do Desenvolvimento Regional, com recursos do orçamento secreto.
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Foto: Isaac N´óbrega/PR