Espontâneo, avesso a rituais e formalidades, o senador Omar Aziz (PSD) conseguiu na CPI da covid um fato pouco comum no funcionamento de uma comissão do Congresso, principalmente nas de investigações.
Por exemplo, mesmo como presidente da CPI , ele conseguiu protagonismo no colegiado. Historicamente, as luzes se voltam para o relator.
O jeitão do parlamentar amazonense, portanto, se impôs em seis meses de trabalho. Com sua experiência, muitas vezes desarmou ânimos acirrados com descontração. Suas tiradas, com uso de termos conhecidos do povo da região, foram bem aproveitadas pela mídia. Como quando comparou o presidente Jair Bolsonaro com o macaco guariba.
Aziz acabou se tornando um ponto de equilíbrio entre oposição e situação, apesar de reiterar-se em confronto com o governo.
Por causa disso, foi alvo de elogios da maioria dos membros da comissão, até mesmo dos bolsonaristas com quem teve várias pendengas.
Com isso, a CPI conseguiu funcionar regularmente e apresentou resultados antes mesmo do seu ato final na noite desta terça-feira, dia 25.
A comissão, como disse o relator, Renan Calheiros (MDB), desacelerou o relógio da morte que fez do Brasil o segundo maior país do mundo em número de mortes pela covid-19.
Perdeu para os Estados Unidos e conseguiu ficar à frente da Índia.
Fazendo Bolsonaro se mexer
A trava no tic-tac das mortes foi fincada pela CPI porque forçou o presidente da República a comprar vacinas.
Travou o relógio da morte quando ampliou visibilidade às mentiras propagadas pelo governo, e as combateu.
Não fosse a habilidade de Aziz no comando das investigações talvez o Brasil ainda fosse o epicentro da doença no mundo.
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Ademais, o senador se reinventou nesses seis meses de trabalho que avançavam para além das sessões transmitidas ao vivo pela TV.
Deixou a condição de liderança regional, tornou-se uma das vozes mais procuradas pela mídia nacional e personagem de expressão nacional na República.
A notoriedade que o líder da bancada do Amazonas no Congresso ganhou já havia sido vaticinada pelo ex-presidente José Sarney , nos primeiros meses da CPI da covid.
O conteúdo do resultado das investigações que ele comandou, consolidado em robusto relatório preparado pelo relator cuja presença bancou na CPI, será recebido sob várias perspectivas.
Contudo, o salto político alcançado pelo senador, que vai disputar a reeleição em um dos redutos mais bolsonaristas do país, no ano que vem, o transforma no principal antagonista ao pensamento que a comissão parlamentar combateu.
Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado