Emendas do ‘orçamento secreto’ mandam R$ 4,6 bilhões à saúde

Os consultores calculam que, até este mês, o empenho de emendas de relator neste ano foi de R$ 9,3 bilhões, menos da metade do ano passado

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Aguinaldo Rodrigues

Publicado em: 09/11/2021 às 18:29 | Atualizado em: 09/11/2021 às 18:29

Das emendas de relator-geral do Orçamento empenhadas neste ano, quase a metade (R$ 4,6 bilhões) foram para a saúde. O ministério ganhou mais recursos do que no ano passado, quando 18% das emendas de relator foram empenhadas para essa pasta (R$ 3,9 bilhões).

Em segundo lugar, as emendas beneficiaram os ministérios do Desenvolvimento Regional, com R$ 2,7 bilhões empenhados, e da Agricultura, com R$ 790 milhões. 

Os dados são de nota técnica da Consultoria de Orçamento da Câmara dos Deputados, que defende a constitucionalidade das emendas de relator, cunhada de “orçamento secreto”. Elas são classificadas como RP9.

E de acordo com a consultoria, a nota sustenta que a tramitação da matéria no Congresso garante sua transparência e publicidade.

Repasse e transparência

Os consultores calculam que, até este mês, o empenho de emendas de relator neste ano foi de R$ 9,3 bilhões, menos da metade do volume delas empenhadas no ano passado – R$ 21,5 bilhões. 

A execução dessa alteração em projetos é questionada em ação no Supremo Tribunal Federal.

Em decisão liminar, a ministra Rosa Weber suspendeu a sua execução por alegar que é necessário dar publicidade e transparência à distribuição dos recursos com base em demandas de parlamentares apresentadas ao relator-geral do Orçamento.

A nota técnica alerta que a eventual suspensão de programações marcadas com o identificador RP9 pode paralisar obras e serviços já em andamento e até mesmo afetar prestações já executadas.

Constitucionalidade

A nota técnica defende que o repasse de verbas por meio do Orçamento têm base constitucional a partir do Regimento Comum do Congresso.

“A posterior inclusão de regras para as emendas individuais e de bancada no texto constitucional não têm o condão de revogar tacitamente esse dispositivo, que continua a autorizar as disposições regimentais sobre as emendas de relator (e sobre as emendas de comissão). A ausência de previsão constitucional de emendas de relator não é, portanto, incompatível com o texto constitucional”, argumenta a nota técnica. 

Leia a íntegra do texto na Agência Câmara de Notícias

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil