O pesquisador do Inpa Lucas Ferrante de Faria, 33 anos, pode ter sido vítima de uma sabotagem que lhe expôs a substâncias tóxicas, que podem ser a causa de um câncer raríssimo de tireoide, que hoje enfrenta.
O envenenamento pode ter feito por meio de pedaços de pilhas colocadas no encanamento de sua casa.
Ele encontrou os resíduos depois que notou alteração no gosto da água e foi investigar o que estava acontecendo.
Depois disso, veio o câncer.
“Os médicos suspeitam que (o câncer) esteja relacionado à minha exposição a substâncias tóxicas”, diz Ferrante em reportagem publicada neste fim de semana pela revista Veja.
Ataque à ciência
A matéria, com o título “A Ciência sob ataque”, mostra relatos de perseguições a pesquisadores que se opuseram ao negacionismo liderado pelo presidente Jair Bolsonaro na pandemia da covid-19.
Além dos cientistas, estão também relatos de autoridades como o do presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres.
Esse agente do próprio governo, militar de alta patente, revelou que o Planalto tentou mudar a bula da cloroquina para que a substância, venerada por Bolsonaro, fosse indicada ao tratamento da covid-19.
Agora, o contra-almirante, médico, diz que sente o pavor de ser atacado por ter feito a revelação à CPI da Pandemia.
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No caso de Lucas Ferrante, ele assinou um artigo na Science, revista acadêmica mais prestigiada do mundo, fazendo críticas ao negacionismo de Bolsonaro.
Nela, ele e outros colegas diziam que Bolsonaro colocava em risco o brasileiro.
Na ocasião, o Brasil tinha menos da metade dos 612 mil óbitos que registra hoje por covid.
O artigo dele dizia que Bolsonaro transmitia informações enganosas. Entre essas, a defesa do uso da hidroxicloroquina e o fim da querentena.
Em fevereiro deste ano, na ALE-AM , quando o Amazonas ainda vivia a segunda onda da doença, Lucas Ferrante advertiu que Manaus poderia viver a terceira onda, ainda mais grave, se a vacina não avançasse.
Mas o negacionismo de Bolsonaro não foi o único alvo atacado pelo pesquisador no atual governo.
Ele já fez críticas ao desmatamento na Amazônia e à reconstrução da BR-319.
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Foto: Ronaldo Siqueira/BNC AMAZONAS