Chance de Marcelo Ramos ir para PSD, de Omar Aziz, é de 90%

Ele ainda não se desfiliou do PL, mas intensifica as conversas com os partidos fora da base bolsonarista. Siglas de oposição estão fora de sua mira

Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 09/12/2021 às 04:00 | Atualizado em: 09/12/2021 às 18:31

Um dia depois de anunciar o acordo de desfiliação do PL, com a garantia do presidente nacional da legenda, Valdemar da Costa Neto, de que não perderá o mandato nem o cargo de vice-presidente da Câmara, o deputado federal Marcelo Ramos intensificou as conversas e negociações com os partidos que o querem como representante.

E pelo que tudo indica, Ramos deverá mesmo ir para o PSD (Partido Social Democrático), do senador Omar Aziz (AM). Um observador da cena política informou ao BNC Amazonas que o passe do deputado amazonense para as hostes pessebistas está em 90%.

Embora Aziz e Ramos não queiram adiantar nenhuma decisão nem sacramentar a filiação no PSD, os dois parlamentares estiveram juntos no almoço desta quarta-feira (8).

Questionado pelo BNC Amazonas sobre o encontro, Aziz apenas o classificou como “uma conversa boa” e deixou claro que vai aguardar a decisão do colega de bancada.

Ramos não pode mesmo dizer concretamente para onde vai neste momento, isto porque ele precisa de uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), uma medida cautelar para poder deixar o PL oficialmente e se filiar a outra legenda para não correr o risco de ter o mandato questionado pelo suplente ou pelo Ministério Público.

Fora da base bolsonarista

A cautela de Ramos se dá também porque ele já declarou que se saiu do PL por causa de Bolsonaro, não poderá ir para um partido da base do presidente da República.

Dessa forma, pelo menos dois partidos que se interessam pelo vice-presidente da Câmara – PSD e Solidariedade – fazem parte oficialmente do centrão, que técnica e politicamente sustenta Bolsonaro no Congresso.

Mas, o senador Aziz, um dos vice-presidentes nacionais da legenda e comandante do PSD no Amazonas, reage e diz que o partido não faz parte do centrão.

“Todos conhecem a minha posição em relação ao governo Bolsonaro, isso ficou claro na CPI da Pandemia. O bloco que o PSD participa na Câmara e no Senado é apenas para garantir espaço político nas comissões e demais instâncias do Congresso, porém, o partido é independente e vota como quer”, disse Aziz.

Para reiterar que o PSD não está mais do lado de Bolsonaro, o senador do Amazonas disse que o partido deverá ter candidatura própria nas eleições de 2022. Mas, nos bastidores, já é dado como certo o apoio do PSD à candidatura do ex-presidente Lula da Silva (PT).

Dizendo que conversará com todo mundo – menos o PL de Bolsonaro, PSTU e PCO, considerados para ele como “extremos”, Ramos deverá ter encontro, esses dias, com o presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP).

Como o Republicanos é “terrivelmente evangélico e bolsonarista”, com certeza não terá Ramos entre os seus quadros.

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Nada de oposição

O mesmo observador da cena política que aposta 90% que Ramos estará no PSD, no momento oportuno, garante que o deputado não irá a um partido de oposição, como o PSB e o PDT. Ambos os partidos o tem procurado.

Circulou a informação de que o deputado estaria com um pé de volta ao PSB, de Serafim Corrêa, e que até mesmo a bancada do Amazonas torcia para esse retorno. Ramos e Serafim se encontram em Manaus no último domingo.

No entanto, Ramos declinará do convite oposicionista porque diz não mais partilhar dos mesmos ideais, principalmente no aspecto econômico. O deputado é declaradamente liberal, a favor da atuação do mercado na economia sem a interferência direta do Estado.

Portanto, sua aposta segura e quase certeira para disputar a reeleição de deputado federal deverá mesmo ser o PSD, de Aziz, que também buscará o segundo mandato de senador em 2022.

Foto: Divulgação