Ex-diretor da Anvisa diz que nova variante da Covid mostra necessidade de cautela com relação a pandemia. “O Ministério da Saúde continua ausente como liderança, ausente como coordenação e quem se expressa é o presidente da República”, lamenta.
“No caso da pandemia, a história se repete como tragédia. A gente ainda não tem elementos para saber se é a mesma história, mas esse clima atual lembra muito o do ano passado”.
A situação da epidemia de coronavírus no Brasil não é confortável. Pouco mais de 60% da população brasileira foi completamente imunizada, mas ainda não se sabe o período de duração dos imunizantes.
Além disso, como o Estado não oferece outros mecanismo de proteção, a vacina acaba sendo a única esperança para proteger contra o coronavírus.
Esta é a posição o médico sanitarista da Fiocruz e ex-diretor da Anvisa, Claudio Maierovitch.
A realidade é preocupante porque países que têm taxas de imunização mais avançadas, como Japão (77%), Alemanha (68,6%), Reino Unido (69%) e França (70%), estão sendo obrigados a retomar medidas de restrição de circulação porque o número de casos da doença vem crescendo.
Maierovitch cita o exemplo da Alemanha que precisou enviar pacientes para a Itália, o que demonstra também o aumento do número de casos graves da doença.
O quadro nesses países é preocupante porque há um temor de que volte a ocorrer o que houve no final de 2020, quando a situação no Brasil estava um pouco melhor e as festas de fim de ano acabaram provocando uma disseminação de variantes do coronavírus, o que levou a um aumento vertiginoso no número de mortes.
Por isso, Maierovitch prega cautela e pede que a obrigatoriedade do uso de máscaras e a restrição para a realização de grandes eventos se mantenha por mais algum tempo.
Ele alerta que a medida é necessária, principalmente quando surge nova variante sobre a qual existem poucas informações.
Apesar de pesquisas mostrarem que é alto o índice de brasileiros que têm a intenção de se vacinar, Maierovitch afirma que o negacionismo nunca foi tão grande no país e o atual presidente da República é um instrumento fundamental neste avanço, não apenas propagando questionamentos sobre a eficácia dos imunizantes, mas também colocando fim às campanhas de informação do governo.
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Foto: Jonathan Lins/ Agência alagoas